sábado, 29 de dezembro de 2012

Adeus oh ano cagado


Pensando friamente, sem “polianar”, sem o recorrente otimismozinho que me acompanha, tem sido uma sucessão de anos cagados. Mas nada que se compare ao famigerado 2012. Tá a gente sempre vive e aprende coisas, com sorte cresce em algum sentido, eu sei, mas porra!!!
Eis aí o ano em que aprendi o que é saudade. Entendi que a dita dói, dentro, fora e em tudo quanto é canto do corpo e, não há em nenhuma Drogasil remédio pra isso. Aprendi o que é rejeição, que saco não?! E que pé na bunda pode ser dado com havaianas, às legítimas. Perdi meu pai por causa de um coração atrapalhado. Na maior parte do tempo não fui salva pelas melhores canções. Não troquei olhares apaixonados, nem realizei metade do que pensei ter planejado. Na minha retrospectiva aparece muito o mesmo pasto, aquele onde sempre empaco. Caminhamos para o fim e eu aqui, não tenho tamborim, carro feio ou bonito, pele sem marcas, nem nome limpo.
Como vantagem choro mais, ainda faço rimas bobas e não guardo mágoas. Embora não goste de muito do que sinto, sinto. E voltar a sentir pode ser um começo. Tenho aqui dois sambas inacabados e por hora parece ser isso. O fim do ano é isso. Não faço ideia do que está por vir, qual será o novo começo e ó, nem sei se acabei esse texto.

domingo, 14 de outubro de 2012

Diário de Luana 3 ou exercício para tristeza (de novo)

Quando eu nunca mais te procurar, pode ser que você nem note. Com coragem adoto outro filhote, com melhor coração. Livre pra sentir e lamber também. Sem tanto talento pra me esquecer totalmente, diariamente.
Filhotes de raça custam mais eu sei. Quem manda preferir os vira latas. Esses só se preocupam com o próprio alimento. Pulam bem de galho em galho, como macacos vão onde acham que a banana é melhor, mais firme, gostosa, segura talvez. Sim, banana pode entender dessas coisas de segurança, conheço mais de uma assim, não é o meu caso.
Tenho poucas fotos suas, que não preciso olhar pra lembrar da sua cara de pau. Se eu fosse boa em esculturas, se tivesse as goivas certas, talharia alguma verdade nessa sua madeira facial. Venderia ou doaria pra alguma galeria. Seria uma obra do tipo inacreditável. Ninguém ia comprar, talvez eu mesma, pra te ter de volta com a cara que esculpi.
Afff... Ando vendo muitos programas "jornalísticos", aqueles sensacionalistas das 18 horas. Onde já se viu querer talhar a sua cara?! Melhor pagar pra que alguém o faça, não deve custar muito, assim minha mãe me vê na TV como mandante, não como quem executou o crime, menos grave, menos mau, menos pior. Numa concepção culpa católica mandar fazer é um pecado menorzinho, onde um pedido de perdãozinho pode resolver. 
Minha mãe se preocupa com essa coisa de pecado. Vivo no inferno há tempos, disso ela não sabe. O que pode ser pior?
No inferno todos os dias são iguais, sobra chatice, poeira e enxaqueca. É um pronto socorro de São Paulo em época de tempo seco, sem inalador pra todo mundo, muita tosse, falta de ar... No inferno não toca funk carioca e sim música de elevador pra combinar com o ambiente. Tem um aspirador de pó sempre ligado, que nunca dá conta do serviço.  Um filho da puta ensaia Tuba, uma nota só. E tem um trânsito que não nos deixa chegar a lugar algum.
Vivendo com todas essas adversidades, ainda tenho tempo pra lembrar que você me esquece.
Diariamente.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Diário de Luana 2 ou Exercício para tristeza

Pra não sair toda de preto hoje coloquei tênis claros, preto pesa, é o que dizem, vamos culpar alguém. Antes tinha orgulho das minhas pernas, hoje as mostro por rebeldia. Rebeldia na quase meia idade é meio ridículo mas diverte um pouco. Uso shorts curtos e blusas largas, um quase uniforme/esconderijo, que vamos ser honestos não escondem muita coisa, só enganam, ok uma mentirinha aqui, outra ali, tudo certo. As mentiras às vezes são legais, amigas falsas, descaradas, corajosas. Mentiras gostam de fazer companhia, são carentes na verdade. E a verdade vamos assumir pode ser tão chata, antipática, não é aquela visita a quem servimos café e bolinhos de chuva, no máximo água e revolta. 
Olhando assim com outros olhos vejo tanta gente triste que compra e segue o relógio pra se confortar. Conforto bom é o do colchão King Size não se engane, braços fortes e lisos também são bons em conforto, mas não em disponibilidade. Podiam vender paixão em pequenos frascos e amor em frascos maiores. Ah que delícia se pudéssemos comprar sorrisos sinceros em bandejas, alegrias em bacias. Supermercado nenhum tem esses produtos. Tontos!
Quem será que inventou essa coisa de sonhar? Besteira tão grande, útil mesmo é ter papel higiênico e lenços umedecidos, poros e cú agradecem.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Diário de Luana ou Exercício para tristeza


Uma pessoa que muito me ama achou que eu ganharia o mundo, que nada, o meu canto é tão, tão pequeno, mal cabe nele meus trecos e tristezas. Meu canto tem cor que não gosto, móvel e tapete que não gosto. Tapete é coisa que nunca gostei, não sei se pela alergia ou chatice que é limpar, escorregar. Alguém que muito me ama um dia achou que eu teria asas, que podia ver além, em vez disso empaquei pra sempre por enquanto, num canto da vida que não é bem iluminado, ensolarado. Houve um tempo em que eu sambava e sorria mais, comprei amarguras em algum camelô, estava barato, ando com elas na bolsa. Pesam, não servem pra nada, mas amargura é nome bonito, vou deixando ficar. Antes o sabor das coisas, das comidas, fazia sentido e não precisavam encher vazios sem fim. No guarda roupa, tralhas e panos que não servem, ficam lá amarelando, pesando, as gavetas começam a despencar com calcinhas, livros e desejos que não uso. Não rezo pra santa que mora na parede do meu canto, pena, talvez ela pudesse escutar, clarear. Um dia quebrei um espelho, foi sem querer, era desses grandes e, durante muito tempo vi pela metade aquela imagem triste. Agora tenho um espelho novo, uma pena também, a imagem triste não tem o mesmo tamanho, ela cresce, graças a pãezinhos e arroz. Se meu canto falasse, diria pra todos que é nele que choro, finjo conversas, romances, carinhos. Fingir carinhos é coisa triste. Tenho vergonha das paredes de cor feia, elas sabem tanto. Quando penso no futuro lembro das asas que não tive e penso na tristeza de quem tanto me ama, por saber que não vou a lugar nenhum.
Os dias parecem atletas, vão correndo pra uma linha de chegada que não tem prêmio nenhum, qual o sentido de tanta pressa? Se não fosse problema dormiria sempre até o meio dia, tentativa de dias menores, correndo ainda mais. O que acontecerá quando os dias acabarem? 
Eu poderia fazer algo a noite, algo útil, que orgulhasse quem tanto me ama. O sono sempre demora a chegar... Se não mais acordasse, sentiria falta de pouco? De tudo? Desse nada? Meu pai quis que o fim dele fosse assim, dormindo pra não mais acordar, que nada, foi no meio da euforia, no sacolejo do corpo, coração parou na bagunça. Tenho saudades do meu pai. Ele também tanto me amava? Creio que sim, só amando... Tem pessoas que largam as coisas pelo caminho, não é fácil carregar os sonhos, eles pesam tanto quanto as obrigações. Gente explode?
As bolsas cheias de amargura ficam pelo chão do meu canto, conforto seria muito. Os perfumes acabaram, pena, perfume é coisa que enfeita tanto quanto brincos e sorriso. Um dente pela metade cismou que gosta de aparecer. Quando foi que deixei de ver lado bom das coisas? E de ser o lado bom das coisas, quando foi? Não lembrava como era um chute no traseiro, dói. Não mais que um chute no coração, mas dói. E os dois ao mesmo tempo é pra querer dormir e não mais acordar. O porteiro da noite me chama de senhora, tenho vontade de dizer: foda-se. Mas por aquela que tanto me ama não faço isso, ela é tão educada, manda café para os porteiros. Preciso de óculos e desafios novos, pra querer acordar. Eu quero, quero sim, querer acordar. E garanto isso todas as manhãs, colocando o relógio pra despertar.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Parece

Que tem um tipo de serie vindo por aí. Será???
Vamos esperar um pouquinho só e veremos...

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

E nem precisa ser na praia

Saudade é coisa que vem em onda
Dá aquele caldo, de tontiar, tirar o rumo, a respiração
Não mata, como parece
Só machuca
Entristece

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Por favor não vendam GPS pra tristeza

A tristeza ficou ali morando no meu peito.
Um bom tempo, confundindo quem eu sou.
Nunca convidei ou desejei essa companhia diária.
E noturna. Vê só que absurdo!
A folgada se quer pagava aluguel.
Abusava.
Esbanjava.
Mas já dizia a minha mãe na sua sabedoria "Marinalvística": tudo que é demais enjoa.
E não é que é mesmo?!
Aí um dia, do nada, bem do nada como algumas coisas são, virei craque.
Logo eu que nunca tive dotes esportivos, virei craque, repito.
Dei um bico na vadia.
Não goleei nada.
Mas ok.
A ideia não era empatar, ganhar...
Só mandar pra longe.
O que não é pouco.
Espero que ela tenha se perdido no ar.
Feito cheiro, bom ou ruim.
Porque até onde eu sei tristeza não tem GPS.
E vamos combinar, eu sei que moro longe.
O que me resta é ficar na torcida pra que a dita não tenha Facebook.
Não saiba meu nome artístico.
Que vá se aboletar com outro.
Alguém que faça melhor uso dos seus serviços.
Sei lá, um poeta, compositor, porque com certo talento tristeza vira beleza.
No papel, na música, no quadro...
Definitivamente dona chata, não é o meu caso.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Sarau do Binho Vive! Ou não



Oi Gente!!!!

Falta pouco mais de um mês para o fim da campanha em prol do Sarau do Binho no site da Catarse, e a meta de arrecadação de recursos ainda não foi atingida. Vale lembrar que os recursos vão para o Sarau do Binho e também para outros projetos que o Binho encabeça, são eles: Brechoteca (um brechó de livros) e Bicicloteca (uma biblioteca ambulante). 
A causa é boa povo, e com R$ 10,00 cada um de nós pode ajudar tanto. É apoio e incentivo a literatura e a produção cultural na periferia.

A contribuição é feita no próprio site, é bem fácil e clicando no link abaixo vocês podem saber mais sobre o projeto.

É isso! Divulguem, participem, contribuam!!!
"Uma andorinha só não faz verão, mas ela pode acordar o bando todo" (Binho)



quinta-feira, 24 de maio de 2012

Não que adiante, mas vou trocar a tal da maquiagem

Essas músicas de amor saudoso são umas delinquentes. 
Ficam aí de perseguição. 
Avisando que o passado ficou lá mesmo, no passado. Ou devia ter ficado.
Com sua beleza triste, entram nos ouvidos e invadem o corpo todo, espalhando a chata da saudade e uma angústia que parece não ter fim. 
Angústia tonta vai tentando se libertar pelos olhos. Mas no fim das contas só consegue estragar a maquiagem. Que já não está dando conta de esconder mais nada. Quem sabe uma marca melhor, de mais qualidade... Quem sabe um blush mais eficiente, um batom mais atraente, um rímel potente, melhore a aparência e traga aqui pra essa cara alguma beleza.
Ah! E mostre pra angústia tonta que essa liberdade pelas lágrimas é temporária. Já, já, ela volta aqui pra esse corpo. Não que queira que fique claro. Mas lembra o que falei das músicas?
Essas delinquentes, perseguidoras.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Claro que osso tem gosto

Pra roer o osso tem que ter dente.
Dente, paciência, disposição...
Ainda que isso machuque o coitado do coração.
Que bate despirocado, com apetite diferente. Que na verdade é o mesmo.
O coração lembrou que o apetite é o mesmo.
Parece diferente porque o tempo faz isso com a gente. Muda as lembranças, os sabores.
Mas sempre foi esse o prato: o osso.
Que ressurgiu mais duro.
Igualmente saboroso. O osso é saboroso.
Mas está mais duro. Não sabe se quebra, se... se deixa roer.
Na verdade o osso é esperto. Duro, e esperto.
Ah! E saboroso. Que é pra machucar com gosto.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

“Talvez com a ajuda do dicionário...” Ou “Riminha boba no final”

Embora morem na língua, as papilas não podem contar, gritar, explicar, elas não podem falar, daquele gosto.
Que pra definir, talvez só sentindo com muita concentração. O que não é possível, porque ali, no meio daquela troca de fluídos ela se perde, vai pra outro lugar, vira outra coisa, vai fazer sei lá o quê.
Ela deve pensar: pra que concentração se aqui a pulsação está dando conta?
Se o pensamento está dançando e o corpo gritando naquela temperatura, ela, a concentração, acredita que está tudo certo.
E está mesmo.
Quem perde, porque ganhou, são as papilas curiosas. Metidas a intelectuais elas gostariam de definir em palavras, talvez em comparação, toda aquela sensação. Que além de tudo faz pelo menos duplicar a aceleração do desligado coração.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

É o seguinte:

Agradeço de coração pelas mensagens (em toooooodas as vias de comunicação), pelo bolo e almoço delícia da Dona Marinalva, pelo amor dos meus amigos, pelos abraços e beijos vários, ah e pela penca de presentes. São tantos presentes e, como tenho amigos bons demais, eles se encarregam de aparecer com coisas únicas, inesquecíveis. Como esse texto que replico aqui, mas está postado no Bar e lanches taboao
David da Silva seu filho da mãe, sem palavras pra agradecer.
Cachorro! Poeta! Tenho tanto orgulho em tê-lo como amigo, em sempre receber carinho e atenção, assim de graça, é tanta generosidade da sua parte... Obrigadão!


QUARTA-FEIRA, 25 DE JANEIRO DE 2012


Confissão de amor pela vizinha

Para Flávia D’Álima, aniversariante

Aquela a quem eu amo me disse hoje, pela manhã, 
que a data de fundação da cidade de São Paulo é 
evento tão importante, que as cidades vizinhas 
também deviam se curvar à aniversariante.
Irrefutável.
A região metropolitana inteira, a chamada Grande 
São Paulo em peso tem obrigação de reverenciar o 
município-mãe no seu dia da criação.
Taboanense da gema, tenho pela capital paulista a 
mais plena veneração. 
Tanto assim que exercito minha boemia pela região 
mítica de “Campo Limpo-Taboão”, devidamente definida na cartografia 
poética de Robinson Padial, o Binho.
A metrópole paulistana compartilha sua data querida com minha amiga 
esplêndida em todos os fulgores da sua beleza física e múltiplos talentos 
Flávia D’Álima.
Flávia D'Álima em Paixão de Cristo
Moradores de Taboão da Serra já tiveram a 
benção de ver Flávia em ação arrebatadora 
na encenação da Paixão de Cristo por quase 
uma década (2000 a 2006). A atividade 
artística de Flávia D’Àlima é uma corrente de 
acertos (aos quais ela teimosamente 
embirra de dizer que contém fracassos).
Na estrada desde 1996, Flávia já encarnou 
nos palcos personagens de pelo menos 18 
montagens teatrais. E além de brilhar na boca 
de cena, agora também irradia aptidão por trás 
das cortinas, na produção.

Flávia e eu temos bocas e olhos devidamente 
equipados para longas jornadas noite a dentro (axé!, Eugene O’Neill). 
Hora dessas vamos peregrinar em ronda noturna por uns fecha-nunca 
sempre plenos de ensinamento para quem não cansa de aprender com o 
lado enviesado da vida. Flávia e eu gostamos de ver o dia lutando com 
as trevas do amanhecer. 
E também achamos fraquinho quando dizem que o momento fulgurante 
chama-se “nascimento do sol”. Como o menino Perus (do conto abaixo) 
gostamos um pouco, um pouquinho só, do nome aurora, mas quando se fala 
isto baixo e sério.
Leitora voraz, sei que ela vai curtir demasiadamente bem este trecho do 
conto Malagueta, Perus e Bacanaço do imortal João Antônio.
É meu presente de aniversário para a Flávia querida e para a cidade vizinha 
que eu amo.
Nenhum outro escritor jamais descreveu em tempo algum um alvorecer 
paulistano de forma tão densamente poética, uma aurora de dolorida doçura 
vista de dentro da ótica dos botecos mal dormidos do Largo de Pinheiros.
“Luzes se apagaram nas ruas. Uma palpitação diferente,
um movimento que acorda ia-se arrumando em Pinheiros.
Primeiros pardais passavam. Perus acompanhava os dois,
mas olhava o céu como um menino num quieto demorado e
com aquela coisa esquisita arranhando o peito. E que o menino
Perus não dizia a ninguém.
Contava muitas coisas a outros vagabundos. Até a intimidade
de outras coisas suas. Mas aquela não contava. Aquele sentir,
àquela hora, dia querendo nascer, era de um esquisito que arrepiava.
E até julgava pela força estranha, que aquele sentimento não
era coisa máscula, de homem.
Perus olhava. Agora a lua, só meia-lua e muito branca, bem
no meio do céu.
Marchava para o seu fim. Mas à direita, aparecia um toque
sanguíneo. Era de um rosado impreciso, embaçado, inquieto,
que entre duas cores se enlaçava e dolorosamente se mexia,
se misturava entre o cinza e o branco do céu, buscava um tom
definido, revolvia aqueles lados, pesadamente. Parecia
um movimento doloroso, coisa querendo arrebentar, livre,
forte, gritando de cor naquele céu.”
 (João Antônio  Malagueta, Perus e Bacanaço – 1963)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Inferno astral como desculpa ou Pode ser um texto prabaixeqs

Seis cicatrizes.
Espalhadas pelo corpo.
Não, nunca estive em uma guerra.
Não trabalho no corpo de bombeiros, não sou policial, não sou da bandidagem, nem pratico esportes radicais.
Tenho seis cicatrizes espalhadas pelo corpo.
Sete, se eu considerar a tatuagem.
Com quase trinta e um anos conto essas marcas, sabendo que elas não surgiram de nenhum grande feito, se quer de um feito médio.
Se eu contar as sardas, que também são marcas, aí tenho muito mais.
Isso em um corpo que nem parece meu.
Desconfortável,
Desajustado.
Dentro de uma casca disforme, não desliza.
Mal alisa, infelizmente.
E sinaliza, ou tenta.
Através das marcas, que viram cicatrizes. Essas abusadas.
Num jogo sem graça aparecem sem convite, sem explicar, porque talvez seja óbvio.
Se é que o óbvio existe.
E ó esse não se trata de um post “peninha de mim mesma”, nem sou essa pessoa, pelo contrário, sou otimistazinha, acredito que no fim tudo vai dar certo, que o que é ruim vai passar, mesmo que não seja verdade, porque sim, sou uma grande mentirosa, aprendi no palco. No fim das contas falo pouco sobre mim e não gosto de encher o saco dos meus amigos com meus problemas, então esse é um post “tô falando a verdade hoje”, porque sim, bem às vezes isso acontece. Aí me lembro de uma fala da Desdêmona, personagem de Shakespeare, sempre me lembro dessa fala e nem sou de decorar falas que não sejam pra ser minhas, ela diz: não me sinto feliz, mas posso enganar aquela que sou, fingindo ser outra. E como faço isso com alguma frequência é claro que uma hora a coisa falha, ao menos dessa vez posso usar a desculpa do inferno astral, aí não preciso assumir que pode ser por conta de todos os meus fracassos, e dessa caricatura Flavianesca que circula por aí com pernocas cumpridas, seis cicatrizes, sete, se eu contar a tatuagem, e sardas, muitas sardas.
E não, não tenho orgulho dessa pessoa nem nunca estive em uma guerra.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Se você pudesse me ver um pouco mais de perto, sacaria que metade na verdade não passa de uma história boba, que inventei pra me convencer de que não quero, não preciso e não vou ver o que está dentro desse meu nariz bem feito, que não entende direito o que sua dona quer, mas sabe que em se tratando de mulher a pose até vale pelo que não se é.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Eletropaulo avisou se a luz demora a voltar?

O que eu queria mesmo agora era ver um filme, desses que ficaram parados no tempo, mas tem beleza mesmo assim, ainda que remetendo ao mofo.
Invés disso escrevo sob a luz de um toco de vela, o que teria um certo charme se eu não achasse um saco falta de luz a noite.
Só que mesmo de mau humor acabo vencida pela imagem aqui da minha frente. É que a chama em movimento na verdade dança. Ela dança. 
E eu percebi que ela é má, muito má, já que esturrica o pavio que está ali só pra sustentá-la.
A abusada não cansa, não pára a tal da dança.
Entre o azul e o amarelo ilumina com ar de tristeza.
E sim, concordo, isso também tem beleza.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Não dizem que o sinal da Vivo é o melhor?


Às vezes a gente reclama né?
De coisas, dos outros, de tudo quase.
Mas tem gente por aí, que quando para e pensa, percebe que é feliz.
Porque sonha, porque deseja, porque realiza, porque conhece e vive com gente, gente que é de verdade. Porque tem com quem se importar, com quem contar, subtrair, dividir...
Aí entra a tal da sorte, porque logo eu sou uma dessas pessoas.
Eu já disse mais de uma vez que não tenho “um milhão de amigos pra bem mais forte poder cantar”, esse aí é o Robertão, os meus são do tipo “poucos e bons”.
Infinitamente bons.
Necessariamente bons.
Encantadoramente bons.
E por falar em encanto, têm uma mulher que é única, que há alguns anos entrou bem no meio da minha vida, e desde então faz parte dela.
Como parceira, como companheira de trabalho, como ouvido atento e boca que fala, fala, fala, fala, fala, fala, fala, fala, fala, fala, fala, fala...
Com ela se aprende, se diverte, se cria, e como se não bastasse ela ainda é bonita, tão bonita, de um jeito só dela.
Ela traz e transpira inspiração.
É poema.
Canção...
Amiga, irmã, parabéns.
E caso não tenha ficado claro te amo viu Thânia Rocha e vê se atende essa porra desse celular.

 
Era pra ser Ursula. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino