quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Depois da Cromoterapia

Me reformar. Tive vontade.

E de me sentir feliz com alguma frequência.

Quis não ter preocupações, nem tantas opiniões daqui de dentro, e lá de fora, sobre o que acontece nesse corpo.

Pensei em ter coragem de desabar para os conhecidos.

Achei que manter as aparências, herança materna, fosse mais fácil.

E dormir e acordar sem que nada esteja queimando? Seria bom.

Não tentar afastar o mesmo pensamento o tempo inteiro também... Seria bom.

Mas como desistir também não é fácil, prudente, aconselhável... Ao menos por hoje, ficará tudo na mesma.

E ponto.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Algumas visões inesquecíveis

O cofrinho do rapaz que imagina ter bunda, no centro da cidade;
O jato potente que o moço bêbado liberou pela boca, também no centro. Como aquele nem mangueira de bombeiro;
O Miojão rebolante da Avenida Faria Lima;
Meu amigo Wagner rolando com um poodle em momento bêbado;
As reboladas alucinadamente embriagadas, de quatro, com fiozinhos de calcinha expostos, ao som da Gretchen, da minha amiga Lídia no Reveillon;
E ele, o imenso Thiago Lacerda, vivendo o Calígula.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Chegando ao fim... De novo

Meus dias de ser outra estão chegando ao fim novamente, dá pra crer?!
É que a temporada Jingobel 2010 no Espaço Cultural Encena vai só até sexta. Isso mesmo só mais uma apresentação.
Além de convidar quem passa por aqui, vou postar abaixo um texto mui bacana que o David publicou no blog dele http://barelanchestaboao.blogspot.com/. Tá na sequência, mas passem por lá porque tem fotos e tudo mais.
Valeu heim David!
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A alma brasileira na pele de três musas do teatro independente

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Solidão urbana, violência doméstica e homossexualismo feminino temperam a “farofa natalina” da peça Jingobel, em final de temporada no Teatro Encena.

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A atriz Flávia D’Álima escreveu no seu blog que um dos “cheiros de Natal” que ela mais gosta “talvez [seja] o da farofa, ai que delícia!”. Farofa é uma boa metáfora para sintetizar a variedade de ingredientes utilizados pelo autor teatral baiano Cláudio Simões na comédia dramática Jingobel, em cartaz no Espaço de Cultura Encena por mais duas 6ªas-feiras (essa e a próxima). Flávia divide o palco com as interpretações viscerais de Lidia Sant’Anna e Thânia Rocha.

As atrizes estavam há tempos à procura de um texto só com papéis femininos. Jingobel foi garimpada na internet por Wagner Pereira, que opera luz e som para o tresloucado trio. A montagem da peça no ano passado meio que imitou o clima atormentado em que “vivem” as personagens. “Aconteceu de tudo. Tivemos momentos de alegria, de desespero, de dúvidas. Tivemos desistências, gente que de alguma forma tentou nos atrapalhar (até isso foi positivo; nos fortaleceu) e pessoas que foram chegando só pra somar”, conta Flávia, que também assina a produção do espetáculo.

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Criminosamente perdi toda a temporada anterior desta peça que estreou em 14 de novembro de 2009 no mesmo Teatro Encena – a reestréia foi em 9 de setembro último.

Neste ano paguei a dívida assistindo-a por duas vezes, e está difícil me conter para não ir mais uma.

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Corneada, armada e perigosa

Escrita em apenas 15 dias (18 de janeiro a 1º de fevereiro de 1998) Jingobel preenche um a-e-i-o-u de atribulações das três mulheres encarnadas em Teresa, Elisa, Rosa e Vanusa. Calma aí que eu não errei nas contas – Rosa é personagem invisível (só seus gemidos “entram” em cena).

Estou pensando seriamente em processar o diretor da peça Walter Lins, por ele ter-me “roubado” a chance de escrever que Flávia D’Álima “transpira beleza e sensualidade em cena, mesmo com um pacote de fralda geriátrica usada nas mãos!” – escreveu Lins no texto de exaltação à reestréia. Só me resta dizer que Flávia faz uma interpretação avassaladora da suburbana Elisa crucificada à solidão, corneada pelo amante e emputecida porque a TV Globo trocou o “especial de Natal do Roberto Carlos pelo bicha do Michael Jackson”. Bote um “trezoitão” na mão duma doida dessa, e a desgraça tá feita...

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Mulheres em combustão

Quando as angústias de Elisa se fundem com as de Vanusa e Teresa (Lidia Sant’Anna e Thânia Rocha, respectivamente) o resultado é o mesmo de misturar glicerina com ácido sulfúrico e ácido nítrico – nitroglicerina pura!

A primeira vez que vi a atriz Lidia Sant’Anna, em 1997, ela estava se contorcendo nas dores do parto em pleno chão do teatro Cemur – sua personagem “dava à luz” em A Inutilidade dos Decretos Inúteis. A “Vanusa” de Lidia é responsável pelo momento mais comovente (é comédia dramática, lembra?) da peça. Com uma carioquice enfeitiçante na fala, Vanusa exala por todos os poros a dor do seu suplício cotidiano pelo preconceito contra a obesidade e o lesbianismo. Nem a “crente” resiste!

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Entre a fé e o fogo no rabo

Eu me criei em igreja pentecostal, e digo com conhecimento de causa que Thânia Rocha está absolutamente perfeita no papel da evangélica radical que, tentando libertar almas, é seqüestrada e se enreda nas tramas da luxúria. Thânia seria tranquilamente saudada com um “A Paz do Senhor!” se saísse à rua caracterizada como a Teresa de Jingobel.

Assim como Jacó trabalhou sete anos e mais sete para ter seu prêmio na forma de um corpo de Raquel, muitos “irmãos” dariam sete dízimos e mais sete para encontrar o paraíso na carne da fervorosa Teresa. O tom de voz de Teresa, o olhar fanatizado de Teresa derreteriam as muralhas de Jericó...

Mas Vanusa foi mais ligeira, e reavivou a seu favor a labareda que a “crente” escondia debaixo da saia.

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Seja ligeiro (a) você também. Reserve seu lugar, porque a platéia é intimista (50 lugares).

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JINGOBEL, de Claudio Simões. Direção: Walter Lins. Com: Flávia D’Álima, Lidia Sant’Anna e Thânia Rocha.

Figurino: Walter Lins. Cenário: Orias Elias. Cenotécnico: Jorge Jacques. Som: Jacintho Camarotto. Produção: Flávia D’Álima - Cia de Teatro Encena.

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Espaço de Cultura ENCENA – Última apresentação 6ª-feira próxima - 26 de novembro

Às 20h30

Ingresso promocional R$ 7,00

Espetáculo recomendado a partir de 14 anos

Rua Sargento Estanislau Custódio, 130 – Jd. Jussara

Contato/Reservas/Informações: 8336-0546 com Flávia D’Álima

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Micro contos 3

JOSÉ
Vire-se
Não faço mais essa porra

*

PORTEIRO
Depois dá uma olhada na criança
Pulo da varanda as 16h30

*

REPARE
O monstro desse lago
Sou eu

*

EX
Pior só chiclete
Quando gruda no cabelo

*

CONTRA FALSAS PROMESSAS
- Eu e você sempre!
- Mas sempre não é muito tempo?

*

DESAFIO, CONFORME O MOÇO
- Me leva?
- Não posso

- Então fica
- Não dá

- Ah então foda-se
- E você acha que é fácil?
- ...

ESCONDO
A cicatriz no joelho.
Era um braile, agora é só uma minhoca gorda e anêmica.
Enquanto o verão não chega é possível, tentar esconder.
E viva o Micropore!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Micro contos 2

BONÉ
Tudo seria diferente
Se tivesse visto sua cabeça

*

FALSA
Aquela que abre
Um sorriso imenso
Quando na verdade
Quer esfaquear.

*

ORDEM
- É boa demais! Parece...
... Parece uma Manga!
- ENTÃO CHUPA

*

CACETE
Se ao menos soubesse rezar

*

INVEJINHA
Pelos que ao tocar e nadar
Vão fundo
Sem se afogar

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Micro contos

PEDI PRA UM
- Preciso de paz!
- Não vende no supermercado?


*

PEDI PRA OUTRO
- Preciso de paz!
- Vou ver se tenho na carteira pra te emprestar,
mas acho difícil.


*

SEM TÍTULO
O gato cagão desapareceu
Há quem sofra por isso

*

Ô SEU DEUS
Não negocio
Quero minhas pernas de volta

*

SEM TÍTULO
Não sei se o mundo da lua é muito longe
Mas fui pra lá de vez

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Culpa da enfermidade desconhecida, protegida pela da gaze

- Zefa, veja só aquela moça.

- Qual?

- A branquela, da perna cumprida.

- O que é que tem?

- Parece uma suicída. Só que ao contrário.

- E não é que é. Em vez de cortar os pulso, cortou o tornozelo... Deve ser fraca das idéia a coitadinha.

- Por ser suicida ou por cortar os tornozelo ao invés dos pulso?

- Pelos dois. Mas quer se matar, se joga no metrô que é mais garantido.

- Verdade, enquanto não emparedam tudo...

- Achei bonito aquelas parede transparente anti-suicidas!

- Pois é...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Oficina de Criação Literária 4

Por Thânia Rocha
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Eu me lembro de uma covardia
Senti uma mão forte segurando minhas costas.
Firme, segura, confortadora, macia, seria acolhida!
A pressão continuou, agora em todo meu corpo,
o ar faltando, as costelas me esmagando.
Fui lançada do outro lado da rua.
Só deu tempo de dizer: Miaaaauuuuuuu


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MICRO CONTOS
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Sem título
Tem gente demais no mundo
Pára no próximo

***

Micro conto...
Se escreve junto ou separado?

***

Sem título
Bom dia!
Vê se tem chá
Se não,
toma

***

Sem título
Despenquei,
olhei as horas,
eram duas

***

Motel
Volto logo
Tenho que escrever um micro conto

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Eu concordo

Com essa moça:
E com os outros citados por ela.
É isso aí: Sim a mulher pode.
Aí vai um trecho bacana do texto da moça:

"Um índio na bolívia, um negro nos EUA, um mestiço na venezuela, um operário e depois uma ex-guerrilheira no Brasil. A história está mudando. Esperamos que pra melhor"
Clarah Averbuck
 
Era pra ser Ursula. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino