quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Diário de Luana 2 ou Exercício para tristeza

Pra não sair toda de preto hoje coloquei tênis claros, preto pesa, é o que dizem, vamos culpar alguém. Antes tinha orgulho das minhas pernas, hoje as mostro por rebeldia. Rebeldia na quase meia idade é meio ridículo mas diverte um pouco. Uso shorts curtos e blusas largas, um quase uniforme/esconderijo, que vamos ser honestos não escondem muita coisa, só enganam, ok uma mentirinha aqui, outra ali, tudo certo. As mentiras às vezes são legais, amigas falsas, descaradas, corajosas. Mentiras gostam de fazer companhia, são carentes na verdade. E a verdade vamos assumir pode ser tão chata, antipática, não é aquela visita a quem servimos café e bolinhos de chuva, no máximo água e revolta. 
Olhando assim com outros olhos vejo tanta gente triste que compra e segue o relógio pra se confortar. Conforto bom é o do colchão King Size não se engane, braços fortes e lisos também são bons em conforto, mas não em disponibilidade. Podiam vender paixão em pequenos frascos e amor em frascos maiores. Ah que delícia se pudéssemos comprar sorrisos sinceros em bandejas, alegrias em bacias. Supermercado nenhum tem esses produtos. Tontos!
Quem será que inventou essa coisa de sonhar? Besteira tão grande, útil mesmo é ter papel higiênico e lenços umedecidos, poros e cú agradecem.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Diário de Luana ou Exercício para tristeza


Uma pessoa que muito me ama achou que eu ganharia o mundo, que nada, o meu canto é tão, tão pequeno, mal cabe nele meus trecos e tristezas. Meu canto tem cor que não gosto, móvel e tapete que não gosto. Tapete é coisa que nunca gostei, não sei se pela alergia ou chatice que é limpar, escorregar. Alguém que muito me ama um dia achou que eu teria asas, que podia ver além, em vez disso empaquei pra sempre por enquanto, num canto da vida que não é bem iluminado, ensolarado. Houve um tempo em que eu sambava e sorria mais, comprei amarguras em algum camelô, estava barato, ando com elas na bolsa. Pesam, não servem pra nada, mas amargura é nome bonito, vou deixando ficar. Antes o sabor das coisas, das comidas, fazia sentido e não precisavam encher vazios sem fim. No guarda roupa, tralhas e panos que não servem, ficam lá amarelando, pesando, as gavetas começam a despencar com calcinhas, livros e desejos que não uso. Não rezo pra santa que mora na parede do meu canto, pena, talvez ela pudesse escutar, clarear. Um dia quebrei um espelho, foi sem querer, era desses grandes e, durante muito tempo vi pela metade aquela imagem triste. Agora tenho um espelho novo, uma pena também, a imagem triste não tem o mesmo tamanho, ela cresce, graças a pãezinhos e arroz. Se meu canto falasse, diria pra todos que é nele que choro, finjo conversas, romances, carinhos. Fingir carinhos é coisa triste. Tenho vergonha das paredes de cor feia, elas sabem tanto. Quando penso no futuro lembro das asas que não tive e penso na tristeza de quem tanto me ama, por saber que não vou a lugar nenhum.
Os dias parecem atletas, vão correndo pra uma linha de chegada que não tem prêmio nenhum, qual o sentido de tanta pressa? Se não fosse problema dormiria sempre até o meio dia, tentativa de dias menores, correndo ainda mais. O que acontecerá quando os dias acabarem? 
Eu poderia fazer algo a noite, algo útil, que orgulhasse quem tanto me ama. O sono sempre demora a chegar... Se não mais acordasse, sentiria falta de pouco? De tudo? Desse nada? Meu pai quis que o fim dele fosse assim, dormindo pra não mais acordar, que nada, foi no meio da euforia, no sacolejo do corpo, coração parou na bagunça. Tenho saudades do meu pai. Ele também tanto me amava? Creio que sim, só amando... Tem pessoas que largam as coisas pelo caminho, não é fácil carregar os sonhos, eles pesam tanto quanto as obrigações. Gente explode?
As bolsas cheias de amargura ficam pelo chão do meu canto, conforto seria muito. Os perfumes acabaram, pena, perfume é coisa que enfeita tanto quanto brincos e sorriso. Um dente pela metade cismou que gosta de aparecer. Quando foi que deixei de ver lado bom das coisas? E de ser o lado bom das coisas, quando foi? Não lembrava como era um chute no traseiro, dói. Não mais que um chute no coração, mas dói. E os dois ao mesmo tempo é pra querer dormir e não mais acordar. O porteiro da noite me chama de senhora, tenho vontade de dizer: foda-se. Mas por aquela que tanto me ama não faço isso, ela é tão educada, manda café para os porteiros. Preciso de óculos e desafios novos, pra querer acordar. Eu quero, quero sim, querer acordar. E garanto isso todas as manhãs, colocando o relógio pra despertar.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Parece

Que tem um tipo de serie vindo por aí. Será???
Vamos esperar um pouquinho só e veremos...
 
Era pra ser Ursula. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino