terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Pra quem tem

Ouvi de uma grande amiga no final do ano passado que meu 2023 tinha começado em 2022, é verdade. Foi quando entendi que uma caixa apertadinha, dentro de um buraco, não é nem nunca foi espaço pra mim. Foi quando tive forças pra voar pra longe, quando voltei a caminhar com passos despreocupados, distraídos, malemolentes, sem a pressão diária de uma vida que não era minha. Com angústias que não eram minhas, arroubos e sobre saltos que nunca foram meus. Sem a ferocidade que eu sequer entendo. É engraçado usar a metáfora da caixa, empacotei e desempacotei muitas nos últimos meses, algumas insistem em guardar livros e utensílios não tão úteis assim. Hoje, que já é ano novo, com lista de desejos e tudo mais, sigo caminhando com a paz que vive nesse corpo. Parece que por um tempo me esqueci o quanto viver em paz é determinante pra mim.

A gente lê, imagina, idealiza e com sorte vivencia o amor. Nesse aspecto nem posso reclamar, ao longo dos meus 41 anos pude amar a ser amada muitas vezes, ainda sou. Em mais de um espaço, em relações que me são muito caras. Não as comparo entre si, só recebo e retribuo como sei e posso.

A gente também ouve sobre relações difíceis, sobre manipulação, sobre relacionamentos que se tornam tóxicos, acreditando que “com a gente não, seu João!”, mas esse é um buraco tão grande que qualquer um pode cair, e uma vez dentro dele é preciso entendimento, apoio e tanta força... Porque sair de uma caixa e escalar um buraco no escuro não é tarefa fácil. Fora do buraco me culpei por ter passado tanto tempo nele, mas as coisas são o que são, as pessoas também, e a gente leva o tempo que precisa pra entender, decidir, reagir, fugir até. E uma vez fora da caixa e do buraco tem mais um verão, com suas noites quentes, pancadas de chuva, com o recomeço de todo ano. A outra metáfora de renascer todo ano traz um alívio... Que a gente possa recomeçar, com o que temos de melhor. E que minha outra característica de não guardar mágoa se mantenha em 2023. Porque mágoa só faz mal pra quem têm.

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Bem depois... Em 2022

Voltei.
Voando baixo, baixo, no encalço.
Do quê, pra quê? 
Bora ver.
Por um tempo, pirei.
Sem escrita. Salva pela birita e por esperançar,
Encontrar num lugar fundo, lá no fundo,
De peito, cabeça... Lembrança.
Qual era a dança?
Quais passos pra salvar do descompasso,
De deixar de ser
Você


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Aos Prófis

- A Adriana promovia eventos vários pra turma “B-A-BA do Pré” (que Deus a tenha);
- A Benedita tinha a cara da Erundina, arremessava objetos nas criancinhas da sala com o consentimento dos pais e, ainda ganhava presentes em datas comemorativas. Chorei de desgosto, revolta e beliscão da Dona Marinalva ao ser obrigada a entregar uma Nossa Senhora Aparecida afogadinha (aquelas que ficam em garrafas com água) com flores pra ela ;
- A Cidinha era carinhosa e nos presenteava com bolo. Bolo caseiro veja bem!
- O Moacir, dublê do Ravengar (que Deus o tenha também - o ator de Ravengar não o Moacir) não era nada criativo, história pra ele era decorar, decorar, decorar;
- Queria lembrar o nome da evangélica que passou pela E.E Tenente Ariston de Oliveira, ela tinha um tique no olho e nos fazia decorar com serragem, casca de ovo, pó de café... Cópias de passagens da bíblia. Ela chamava essa prática de arte;
- Teve um cara que ensinava matemática e operava milagres no reforço, me encaminhou pro único 7 da minha vida nessa disciplina maldita;
- A Maria Luiza, especialista em secretariado (sim, estudei secretariado), urrava sempre o quanto achava horrível contorno de boca mais escuro que o batom. Marrom no contorno era a moda da época, não importava a cor do batom. Tenho que admitir ficava tenebroso mesmo;
- O Zé Carlos (vou chamá-lo assim porque acho que combina com a cara do moço que carrego na lembrança), além de dominar Geografia, aterrorizava a juventude e seus hormônios descontrolados, com fotos de DST’s cabulosas, que certamente são caso de estudo devido à gravidade. Pepecas e paus purulentos, bolhudos, couve-florzentos nunca mais saíram da memória. Viva a camisinhaaa!
- A Regina curtia super as minhas redações viajandonas;
- E como tudo na vida tem do bom e do bem ruim o Nelson levava um radio toca fitas pra meninada do secretariado dançar É o Tchan, isso aí descer até o chão. Pra ele isso também era arte... E dá-lhe bundinhas juvenis sacolejando na escola.
- As de dança judiaram do corpo, mas tontas que não são, massagearam, apaixonaram a alma;
- Os de teatro abriram janelões na minha vida, apresentaram um mundo tão mais divertido, menos murado, recalcado...
- E os de artes (mesmo), que fui assimilar depois de adulta, esses juntaram lé com crê, mostraram que tudo está ligado, é igual e totalmente diferente, porque está sempre lá, na frente. 
Quanta gente!!!
Ahhh ficaria bem mais felizinha se tivesse conseguido lembrar os nomes desses professores todos, eles mereciam, já que estão aqui na memória, outros no coração. 
Esse povo forma. Transforma gente. A gente. E eles. E todos! Ave.
E dizemos o quê, parabéns? Fala sério. É gratidão sem fim, no mínimo.
E são tempos dublados (é isso mesmo, de dublagem ruim, com delay, entonação esquisita), cascudos, pra quem é professor, não é? 
Só com fé.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

E o título?

Aquele tipo de pessoa que tem preguiça. Sou sim.
Preguiça de acordar cedo, de tempos em pé em ônibus lotado, de dieta em final de semana, dia santo ou feriado, preguiça do povo que dorme, acorda e passa o dia mal humorado, preguiça de quem tem toda razão do mundo inteiro, de não mudar de opinião, de ignorar o que grita o coração, preguiça da minha miopia, tenho preguiça de balde de água fria, de dor de dente tenho muuuuuita preguiça, inchaço me causa preguiça sem fim, e de quem nunca diz sim? Preguiiiiiça... Tenho tido preguiça de escrever, de defender... De quem é incapaz de aprender, ali, com o outro, que sabe "igual quinem". Preguiça de viver assim, escrava, do tempo, do trabalho.
E preguiça é um negócio que mora em uma lista de pecados! É isso então mundão, tamo lascado?
Sei lá, o que pode salvar, é minha preguiça de odiar.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Pode ser no Contratempo

A Jukebox em que vivo tem tocado musicas dançantes!
Como muitos, também moro numa caixa. Psicodélica, trepidante, versátil, mas uma caixa.
Ela: toca, toca, de forma incessante.
Eu: danço conforme a música, ritmos que só fazem bem.
Como a muito não fazia, me deixo conduzir. Não importa muito pra onde vai o passo. O par é o que há. O par é que me dá, e me dá, e me dá... Em muito mais que oito tempos, vontade de ficar, dois pra lá, dois pra cá, desde que seja junto, desde que tenha cheiro, desde que seja perto. No alcance do abraço, esse menino que diz ser muito macho, mas que chega delicado, tem desejo de tarado, por agradar e aconchegar.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Brincar de achar-achar

O tempo é uma criança que não morou em condomínio.
Sabe moleque que sempre brincou na rua? Assim é o tempo.
Sim, moleque desbocado. Moleque que jogou bola, se arrebentou em carrinho de rolimã. Moleque que empinou pipa, rodou peão, embolou no chão. Moleque que chegava sujo em casa. Pelo desgosto apanhava da mãe. Mas não aprendia a lição. Não deixou de brincar.
E como é difícil mudar totalmente, ainda hoje assim é o tempo. Brincalhão!
Só que ele cresceu, em vez de brincar na rua, brinca com a gente. Sem permissão, às vezes com mal humor...
O tempo não se importa com a nossa opinião. O tempo é só, nunca teve irmão. O tempo quando quer nos engana. Quando dá na lata o tempo é sacana. Faz história de anos parecer que foi ontem. Faz história de ontem necessidade da vida. Faz sensação de saudade durar feito fila de banco. E pra ser clichê, quando se trata de amor o tempo voa. Longe, alto. Arauto que é anuncia que não, nem a pau vai a pé.
Mas o amor, que é um sábio enrugado senhor, tá cagando pras questões, organizações, confusões do tempo. Amor não usa relógio, não ganhou calendário em açougue ou padaria. O amor quer brincar também, de achar-achar, porque esconde-esconde é coisa do tempo. Espirituoso, o amor ri das suas piadas e roubadas. E como não é bobo recebe do tempo só o que é presente. 
E tudo certo o tempo ser esse moleque que virou comediante. O senhor amor tá bem preparado, malhado, sarado. Anos de academia dão garantia pra qualquer maratona, de risos, caminhada e veja bem, até de emboscada.


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Baby, atenção!

Essa onda bem vinda de verão, não é exagero, nem confusão, é chamego de dança, gostosura tipo namorico de portão. Ou é exagero, já que transborda, gera confusão, porque domina, e dá-lhe gostosura, tipo namorico de portão!
Precisa passar não, por aqui, fique. 
Exercite, essa prática de adorar. 
Excite, com essa mania de encantar. 
Vale presentear, com disposição pra estar, só estar. As vezes embolado, no caldo, outras no pensamento, na portaria, no bairro distante, na canção, tanto faz. Só não dá mais, para não ser dois. E mais que dois, porque quando se soma é assim, o bem que se tem dá para multiplicar. 
Conta doida? É de quem não é bom em calcular, e sim em admirar, comemorar... O encontro, a empolgação a lá pipoca, a sorte de um você no mundo por estações e estações, a troca.


 
Era pra ser Ursula. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino