quarta-feira, 18 de março de 2015

Brincar de achar-achar

O tempo é uma criança que não morou em condomínio.
Sabe moleque que sempre brincou na rua? Assim é o tempo.
Sim, moleque desbocado. Moleque que jogou bola, se arrebentou em carrinho de rolimã. Moleque que empinou pipa, rodou peão, embolou no chão. Moleque que chegava sujo em casa. Pelo desgosto apanhava da mãe. Mas não aprendia a lição. Não deixou de brincar.
E como é difícil mudar totalmente, ainda hoje assim é o tempo. Brincalhão!
Só que ele cresceu, em vez de brincar na rua, brinca com a gente. Sem permissão, às vezes com mal humor...
O tempo não se importa com a nossa opinião. O tempo é só, nunca teve irmão. O tempo quando quer nos engana. Quando dá na lata o tempo é sacana. Faz história de anos parecer que foi ontem. Faz história de ontem necessidade da vida. Faz sensação de saudade durar feito fila de banco. E pra ser clichê, quando se trata de amor o tempo voa. Longe, alto. Arauto que é anuncia que não, nem a pau vai a pé.
Mas o amor, que é um sábio enrugado senhor, tá cagando pras questões, organizações, confusões do tempo. Amor não usa relógio, não ganhou calendário em açougue ou padaria. O amor quer brincar também, de achar-achar, porque esconde-esconde é coisa do tempo. Espirituoso, o amor ri das suas piadas e roubadas. E como não é bobo recebe do tempo só o que é presente. 
E tudo certo o tempo ser esse moleque que virou comediante. O senhor amor tá bem preparado, malhado, sarado. Anos de academia dão garantia pra qualquer maratona, de risos, caminhada e veja bem, até de emboscada.


 
Era pra ser Ursula. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino