quinta-feira, 30 de abril de 2009

E o amor resiste! As vezes infelizmente

♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
Ontem postei aqui um texto sobre as agruras do trem, pois bem, no fim do texto escrevi que coisinhas como gentileza, educação e respeito não resistem ao aperto e a pressa, acabam deixando de existir. Isso é fato.

Agora é incrível, muito incrível, tem uma coisa que resiste ao aperto, a pressa, a falta de gentileza, educação e respeito. O Amor! É verdade minha gente o amor existe no trem, está lá, todos os dias, entre casais diferentes e em vários vagões. E devo confessar que é muitíssimo irritante. Não pensem que tenho inveja dessas pessoas que conseguem amar logo cedo e no meio do aperto, não é isso. Mas tentem visualizar a cena, imaginar a situação, no meio do bolo apertado que é vagão sempre tem um casalzinho pendurado, se roçando, cochichando, e beijando de língua. O pior são os beijos de língua fala sério, aqueles linguões passando bem na frente do seu nariz. E barulho de beijo dos outros bem no seu ouvido, na boa não é nada agradável. Também não tenho absolutamente nada contra beijo, adoro! Mas barulho de beijo dos outros no meu ouvido e no meio do aperto não gosto, não gosto mesmo. Descobri que quase fico irritada.

Tinha um casal hoje abraçadinho, fofos. Acho que a moça não é chegada em beijação no aperto, então resistia um pouco, mas o namorado gosta, e pra garantir o sucesso do beijo ele atacava sempre com a língua antes, assim a moça não tinha saída. Uma beleza a cena.
Tem casal que faz todo trajeto abraçado, se movimenta abraçado, entre, saí, tudo, tudo mantendo o abraço, impressionante!
Tem casal que marca encontro, esses casos são bonitinhos, mesmo, não é ironia. Eles se falam por telefone, contam os vagões e conseguem se encontrar, mesmo estando em estações diferentes. Se encontram em meio a todo aquele caos e conseguem ir no mesmo vagão não é o máximo?! A desvantagem desses casos (para o casal não para mim é claro) é que eles ficam distantes, não conseguem ir abraçadinhos.
Também tem briga de casal nos vagões, esses casos são engraçados, mas dão medo né, vai que o negócio sai do controle, vira pancadaria. E hoje em dia ainda como está muito em alta agredir e assassinar mulher, o vagão pode se animar e atacar a moça.
Mas os casais mais interessantes são os ciumentos, eles ficam ligadões ali no meio do aperto, ai de quem passar uma mão sem querer, roçar com uma forcinha maior. É perigoso, bem perigoso.

Mas acho que mesmo me irritando com a beijações no meu ouvido e no meu nariz fico contente, se atos carinhosos podem resistir ao caos apertado do trem, é sinal que nem tudo está perdido.
E viva ao amor. Ele existe minha gente, garanto.
♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

terça-feira, 28 de abril de 2009

O Mar de Gente e o Trem


Moro bem no Sul da Zona Sul de São Paulo e meu atual trabalho/temporário fica entre a Marginal e a Avenida Faria Lima. Sim, uma coisa é meio longe da outra, na verdade eu moro meio longe de tudo. Pois bem, para chegar ao trabalho pego um ônibus sentido Terminal Capelinha, desço na Estação Capão Redondo do metrô, pego metrô, depois desembarco na estação Santo Amaro e por fim pego um trem sentido Osasco, finalmente chego a Estação Vila Olímpia e dou uma caminhadinha básica de uns 15 minutos. Todo esse trajeto acontece entre uma hora/uma hora e meia, depende do dia, do meu atraso ou não atraso, enfim...

Mas esse papo sobre o trajeto e os transportes utilizados é uma introdução para falar especificamente do trem e o que acontece lá, todo santo dia.
Você já ouviu a expressão Mar de Gente? Pois bem, quando o metrô para na estação Santo Amaro um Mar de Gente se dirige para integração gratuita com o trem, é sempre muita, muita gente. O Mar de Gente que desembarca se une ao Mar de Gente que já estava na estação e ao Mar de Gente que vai chegando do metrô, já que o metrô não para.
Não tenho ideia de quantas pessoas são, é impossível contar, mesmo com minha mania de contar as coisas.
Todo o Mar de Gente sempre está atrasado ou em cima da hora (eu inclusive) e o trem é mais lento que o metrô, demora mais pra chegar à estação colaborando para o aumento do Mar de Gente.
Quando o trem chega o Mar de Gente se junta ainda mais em frente às portas, que estão mais largas agora, propiciando a entrada de um Mar de Gente ainda maior.
O Mar de Gente que precisa descer na Estação Santo Amaro tem muita dificuldade já que o Mar de Gente que quer subir não sai da frente, não dá espaço. Aí começa o empurra-empurra entre Mar de Gente que quer sair e o Mar de Gente que quer entrar.
A cena seria muito mais trágica se não fosse engraçada, as pessoas agarram suas bolsas, sacolas e mochilas, deixam as pernas bem firmes, posicionam o tronco um pouquinho pra frente e atacam, quer dizer empurram. Normalmente não estou na linha de frente do Mar de Gente, prefiro ficar no meio, assim não tenho tanto trabalho já que sou carregada pelo Mar de Gente para dentro do Trem.

Dentro do trem o aperto é um aperto mesmo, sei lá, umas 50 pessoas se aboletam no lugar onde caberiam confortavelmente umas 5. Ou seja, o espacinho é para 10 pés, mas tem uns 100, fora as bolsas e afins. Acho que é meio parecido com as celas, é de cadeia.
Ficamos todos muito juntos, é quase íntimo. Dá pra sentir o que tem nas bolsas e sempre tem sombrinhas e marmitas. Também dá pra saber quem tem bafo, quem bebe pinga logo cedo, quem fuma baseado ou cigarro, quem tá meio sujinho e quem se perfumou demais. No meio desse caos apertado alguém sempre espirra, aí podemos avaliar as condições dentárias das pessoas, dá pra ver se a pessoa tem cárie, se faltam dentes, quantos dentes estão obturados... É impossível não acompanhar a direção do espirro, às vezes vai na cabeça de alguém, no olho, na boca ou nos peitos, às vezes quem espirra coloca a mão na boca, aí não dá pra avaliar direito o estado dos dentes nem temos trajeto de espirro para acompanhar, mas isso quase não acontece, geralmente não dá tempo.
Como não sou baixinha também tenho acesso às cabeças, dá pra saber quem está com o cabelo limpo e quem não liga pra essa coisa de lavar de cabelo, quem tem caspa, queda de cabelo, cabelo seco ou oleoso. Hoje o cabelo de uma mulher tinha umas coisinhas brancas, pareciam Lêndeas e que eu saiba Lêndea é ovo de Piolho. Medo muito medo! É que só peguei Piolho depois de grande na infância não tive, e o pior é que nem dava pra fugir por causa do aperto, mas como eu estava de lenço na cabeça acho que me livrei.
Também tenho acesso as Orelhas, normalmente estão sujas.
Não é muito legal quando fungam no cangote da gente e isso sempre acontece. Sempre rolam passadas de mão, mas é impossível identificar o culpado.
Mas tensão mesmo é se alguém peida já que todos sentem e todos são suspeitos, nesse caso também é impossível identificar o culpado.
Mas acho que as pessoas estão mais conformadas, pelo menos parece. Estão sempre em outro lugar, em outro mundo com seus fones. É um saco quando tem alguém que quer dividir o som que gosta de ouvir e isso também sempre acontece.
Acho que pela saga descrita aqui já deu pra perceber que no trem não falta aperto e empurra-empurra.
Coisinhas como gentileza, educação e respeito não tem, de jeito nenhum, nunca, em hipótese alguma. O aperto e a pressa não permitem.
Ai minha cabeça tá coçando tanto.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

A Eterna Insatisfeita e o Perseguido - Final

O namoro já durava alguns meses e Joana como era de costume já não estava mais tão contente e satisfeita, Antônio estava praticamente morando em seu apartamento sem ter sido convidado para morar. E Joana não sabia como resolver essa questão. Seu namorado com o passar do tempo foi se mostrando ciumento, muito ciumento e possessivo. Ele reclamava de tudo, das roupas, dos decotes, dos quadros, das contas. Não gostava de sair, não gostava de cinema, não dançava e parecia detestar Arte.
Antônio estava completamente apaixonado por Joana, como nunca esteve e isso era tão confuso pra ele, não sabia como lidar com os sentimentos, com os pensamentos, com os medos. Tinha medo de estar sendo explorado pela garota, mesmo morando no apartamento dela.
Não gostava de dividir contas, não queria conversar, só queria estar com ela. Mas alguma coisa havia mudado, Joana estava diferente “será que era o trabalho?” Pensava Antônio, ela estava trabalhando como nunca e no fundo, nem tão lá fundo, Antônio se incomodava profundamente com seu sucesso. Pensou em proibi-la de trabalhar, mas ela não aceitaria. Pensou em restringir seus horários, mas isso não daria certo. Pensou em quebrar todos aqueles dentes pra que ela sorrisse menos. Pois é, os pensamentos foram ficando esquisitos.

Joana que estava com os dois pés atrás optou por conversar com Antônio, disse que não se sentia pronta para morar com ninguém, que estava se sentido sem espaço enfim, pediu que ele voltasse pra sua casa e a reação do namorado não foi das melhores. Primeiro ele foi agressivo destruiu uns quadros, uns copos e um vaso, depois começou a chorar feito um bebezão, pedindo por favor, se arrastando e com o nariz escorrendo baldes, deprimente!
Mas não teve jeito Joana disse que não queria mais vê-lo morando em seu apartamento na Segunda Feira. Era uma sexta feira de manhã quando tudo aconteceu. Joana decidiu dar um tempo e saiu.

Antônio voltou aos pensamentos esquisitos, poderia jogá-la pela janela como andavam fazendo com as crianças, mas isso seria muito trabalhoso. Poderia envenenar sua comida, mas ela poderia não comer. Poderia estrangulá-la mas, isso seria muito angustiante. Facadas, teria coragem de dar umas 15 facadas em legítima defesa? Se ao menos vivesse no Afeganistão, Joana só andaria de Burca, sairia de casa apenas com sua autorização e seria obrigada a transar com ele mesmo que ela não quisesse, pois lá a lei permite tudo isso.
Não poderia viver em meio a toda aquela aflição, enfim decidiu. Pegou sua arma, abriu sua boca, posicionou a arma bem lá dentro e atirou.

Até hoje o apartamento de Joana não está completamente limpo e as telas com respingos de sangue, pedacinhos de dentes e miolos ainda não foram vendidas.
Depois do ocorrido nenhuma tela foi vendida, nenhuma nova tela foi pintada.

Atualmente Joana trabalha em um asilo, um lugar incrivelmente calmo. Ensina pintura aos idosos, alguns cegos, outros surdos e quase todos gagás, mas isso não importa. Eles não estão aprendendo muito nas aulas mas isso não importa, talvez nem gostem das aulas o que também não importa. Se Joana está satisfeita? Não sei, mas isso importa? Para Joana o que importa é passar todo o tempo possível longe e acabar logo seu tratamento dentário, o tártaro estava corroendo seus dentes e sua gengiva o que não era admissível.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A Eterna Insatisfeita e o Perseguido – Parte 3

Joana ganhou 5 pontos na testa, ainda estava tonta e chorava pelas telas quebradas. Não entendeu direito o que havia acontecido só lembrava que um moço gentil e caladão a levou até o hospital. Precisava agradecê-lo.

Antônio já tinha perdido o dia, então ficou no hospital esperando a garota ter alta. Vasculhou sua bolsa procurando contato de algum parente ou amigo, mas só encontrou uma carteirinha de faculdade, vencida há 3 anos, não tinha agenda nem celular. “Como é que alguém pode viver sem celular?” pensou Antônio. A moça se chamava Joana, pelo isso deu pra descobrir. Encontrou na bolsa um endereço com telefone, ligou no número e estavam putos com Joana já que ela estava atrasada na entrega de uns quadros. Antônio explicou por alto o que aconteceu e conseguiu adiar a entrega da moça. Bom, concluiu que Joana era algum tipo de entregadora.

Joana viu no corredor o moço caladão que a levou para o hospital, ele estava em pé, parecia impaciente, segurava sua bolsa e olhava para as telas quebradas. Não pensou duas vezes, foi até o moço e lascou-lhe um beijão na boca, depois do beijo olhou nos olhos dele, sorriu um sorriso largo e agradeceu.
Imediatamente pegou do braço do moço e foi falando sem parar, “agora vamos tomar um café, Doutor posso tomar café ?” e saiu arrastando Antônio pelo braço.

Tomaram um, dois, três, vários cafés e conversaram bastante. Antônio não estava acostumado com aqueles rompantes e não sabia se estava à vontade ali com Joana, mas deixou rolar. Quando na vida se viu envolvido com uma garota tão espontânea, sorridente e bonita. Não era carregadora de nada, Artista Plástica, quem diria.

Joana gostou de passar aquela tarde com Antônio, ele não era bonitão nem falava muito mas tinha seu charme.

Acabaram à tarde na casa de Joana. E passaram a noite lá. Em sua casa. Juntos.

Uma semana depois estavam namorando.

(Continua...)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

A Eterna Insatisfeita e o Perseguido – Parte 2

Naquela manhã Joana precisava entregar duas telas, lindas, coloridas e abstratas, não tinha carro e carregar aqueles quadros no ônibus era inviável. Optou pelo metrô.
Embrulhou os quadros e saiu animada pensando na vida. Estava se sentindo feliz e por incrível que pareça, satisfeita! Várias de suas telas estavam expostas em uma galeria, Joana também estava pintando por encomenda e dando aulas de pintura.
Estava com as contas em dia vivendo como artista, que coisa mais incrível!
E assim sorridente e saltitante Joana se dirigiu ao metrô.

Antônio estava atrasado, ele detestava se atrasar. Normalmente entregava seus projetos uma semana antes do prazo, assim não pegava filas e caso precisasse corrigir algo tinha tempo.
Com todo mau humor que um atraso causa Antônio se dirigiu ao Centro da Cidade, foi de metrô assim chegaria mais rápido.
Desceu na Estação Anhangabaú, com muita dificuldade pois bem na sua frente uma moça estava carregando pacotes enormes. A moça andava saltitante e sem nenhuma pressa bem na frente de Antônio, que tentava desviar mas não conseguia. Numa das tentativas de ultrapassar a garota, Antônio acabou fazendo com que ela tropeçasse.
A garota patinou de um lado para o outro tentando não cair, bateu com seus pacotes em algumas pessoas, gritou e ouviu reclamações, parecia executar uma dancinha, um sapateado só que de tênis. Não conseguiu evitar o pior, caiu, caiu feio, com a cara bem em cima dos seus pacotes. Acabou rachando um pouco a testa e ficou lá estatelada, tonta e sangrando.

Antônio nem ia parar, mas como as pessoas em volta começaram a se manifestar o acusando de ter machucado a garota ele preferiu não arrumar confusão.
Bem a contragosto voltou e se abaixou para ver o tamanho do estrago.
"Droga de metrô porque não vim de táxi" pensou Antônio.
(Continua)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

A Eterna Insatisfeita e o Perseguido

Joana sempre foi assim, a vida toda, nunca estava realmente contente com nada. Se ela queria Jujubas e ganhava, chegava à conclusão de que preferia ter ganhado chocolate. Isso mesmo gostando de Jujubas e achando as mesmas gostosinhas.
E assim Joana foi crescendo. Insatisfeita com os brinquedos que conseguia ganhar, com os doces, com os coleguinhas de escola, com os professores, com os livros e cadernos coloridos. Era sempre igual, no começo animação e sorrisos, mas logo depois o desinteresse e a insatisfação.
Na adolescência Joana não estava satisfeita com seus cabelos, nem com o corpo ou com os namorados, com a família também não. Em tudo sempre existia um porem, que ia desanimando Joana, ao ponto de ela perder totalmente o interesse e começar a se sentir infinitamente insatisfeita.
Já na fase adulta Joana passou por vários empregos e diferentes profissões. Trabalhou em lojas, escritório, escola, indústria e nada, nada de achar o seu lugar.
Existiam algumas coisas que Joana gostava muito, entre elas comer, dormir e dançar, mas não dava pra fazer essas coisas o tempo todo.
Fez análise, terapia e tratamentos alternativos a base de florais, até que um belo dia Joana se descobriu Artista Plástica, no começo era como se seus problemas, suas dúvidas e angústias tivessem terminado. Ali com suas pinturas, esculturas e desenhos, tudo era bom, o tempo todo.
Antônio desde muito, muito cedo tinha uma mania, mania de perseguição. Ele sempre achava que todas as pessoas a sua volta, iriam aprontar algo contra ele a qualquer momento. E o engraçado é que Antônio não tinha nada de diferente ou de muito valioso, era um cara absolutamente comum. Não tinha dinheiro, não era super inteligente, não era lindo, forte nem simpático.
Por causa dessa mania Antônio nunca teve um amigo de verdade, passou à infância toda meio solitário, brincado sozinho para que ninguém quebrasse seus brinquedos, fazendo sozinho os trabalhos escolares para que ninguém ganhasse nota as suas custas. E foi crescendo assim se isolando, brigando e não deixando que ninguém lhe passasse para trás.
Na adolescência, quase não teve namoradas, era muito machista e no geral achava que as mulheres eram aproveitadoras. Não seria prejudicado por causa de uma garotinha perfumada e com pernas de fora.
Aos 30 anos era captador de recursos e formatava projetos de leis de incentivo. Recebia para que outras pessoas também pudessem receber. Como era bom de lábia tornou-se conhecido no mundo dos captadores, era altamente solicitado, quase disputado e claro trabalhava sozinho.
(Continua...)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Presságio e O Dia Em Que a Terra Parou ou Acabou

Fui ao cinema ontem, lá perto de casa mesmo. É um cinema em que as salas são ótimas, mas os filmes nem sempre. Bom, entrei na única sessão em que não era o filme de racha ou o de luta inspirado em um desenho que passa na TV.
"Presságio" com Nicolas Cage. Eu não sabia sobre o que era o filme, não tinha lido absolutamente nada e demorei um pouquinho pra sacar que se trata de um filme apocalíptico, com um misto de fantasia e suspense.

Hollywood total, com vááááários efeitos especiais e coisas do tipo. Mas saí do cinema e fiquei um tempão pensando, foram vários questionamentos, eis alguns:

- “Se o mundo fosse acabar hoje à noite, será que eu seria escolhida para povoar um novo planeta?”
- “Qual seria o critério de escolha?”
- “Pessoas com o nome SPC poderiam ir?”
- “Será que nesse novo planeta teria sol, praia e botecos?”
- “Eu teria que usar salto alto, e protetor solar?”
- “Eu poderia escolher meu parceiro?”
- “E se não houvesse química entre os parceiros, eles poderiam ser trocados?”
- “Para onde iriam as pessoas do mundo que acabou, para um planeta não modelo?”
- "Teriam maças e serpentes?"
- “Falaríamos Português no novo mundo?”
- “Saberíamos dançar?”
- “Teria queijo no novo planeta?”

Adoro queijo e ta dando uma fome, acho melhor fazer uma boquinha vai que no novo planeta não tenha comida.

Ah, detalhe quando saí no cinema estava tocando no rádio "O dia em que a terra parou" do Raul Seixas. Coincidência? Sei lá. Pode ser. Ou não.

Dona Maria tem bolo aí? De cenoura tem? Vê um pedaço pra mim.

Sobre a Páscoa na Infância

Tem coisas que sem a menor sombra de dúvidas eram imensamente mais legais na infância. É o caso da Páscoa, não vou escrever aqui sobre religiosidade nem sobre a Paixão do Cristo, é sobre chocolate mesmo. Sobre chocolate e comida gostosa.
Lembro que lá em casa quem sempre organizou, cuidou, ajeitou tudo relacionado a datas comemorativas, religiosas ou não, foi minha Mãe. Ok, meu Pai liberava a verba, o que era importante, mas se não fosse a Dona Marinalva nada acontecia.
Meu Irmão e eu não escolhíamos muito, nem queríamos o ovo por causa de algum brinquedinho de plástico. O importante é que o mesmo fosse grande e de chocolate, chocolate preto.
Os dias que antecediam a Páscoa eram recheados de expectativa, pelo ovo e pelo Peixe, o famoso Bacalhau ao forno com azeite, batatas, cebolas, azeitonas e outras coisinhas mais.
A Dona Marinalva minha mãe, fingia que não tinha nenhum chocolate escondido em casa. E nós, o Wagnão meu irmão e eu, fingíamos que não sabíamos que nosso chocolatinho pra ser devorado no Domingo já estava escondido no armário.

Aí a gente cresce e nunca mais ganha presente, de ninguém.
Adulto não ganha presente a não ser que seja porteiro e camarada.
Adulto gasta com presente, mas ganhar que é bom nada, pelo menos eu dificilmente ganho e isso inclui o aniversário. E acho tão bacana ganhar presente...
Aquele gostinho bom de chocolate não rola mais lá em casa na Páscoa, a não ser que eu vá ao mercado e compre um ovo, mas não é igual, até porque nunca compro o tal ovo, fico achando que ta caro e acabo levando uma caixa de Bis. Pelo menos o Bacalhau persistiu, que bom, e que delícia, pois adoro Bacalhau.
Ah, e como sou uma filha cara de pau, ainda é meu pai quem compra o bacalhau.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Mais um Prazer

Escrevi aqui outro dia sobre meu prazer em ir a shows, pois é, gosto muito e tem outras coisas na vida que gosto muitíssimo. Cinema é mais uma dessas coisas e pelo menos duas vezes por ano o Sesc (Serviço Social do Comercio), colabora com esse meu prazer, promovendo festivais incríveis e a preços irrisórios. Um deles é o Festival de Filmes Nacionais e o outro é um que começa amanhã o Festival de Melhores Filmes (no caso de 2009, mas se refere a filmes do ano anterior). Na seqüência do post tem a programação.
Alguns dos filmes do festival eu já assisti, mas fala sério né por R$ 2,00 (pra quem tem a carteirinha de comerciário) vale a pena conferir de novo, vale a pena conferir até filmes que nem ouvimos falar sobre.
Entre os filmes que já assisti estão o envolvente “Vicky Cristina Barcelona” que nos apresenta um quarteto amoroso pra lá de divertido. Com atuações do mais que charmoso Javier Bardem, da morena “eu tenho sex appeal” Penélope Cruz, interpretando a tresloucada Maria Helena e da muito, muito linda Scarlett Johansson que faz a “não sei o que quero da vida” Cristina. Tem também o “Juno” com a talentosa Ellen Page, interpretando a personagem título do filme de forma encantadora. A personagem é precoce e carismática e faz com que os outros ao seu redor sejam só os outros. “Onde os Fracos não tem vez” é um ótimo título e um ótimo filme, dos geniais irmãos Cohen. O filme é denso tem violência e humor. Na terra de ninguém onde a história se passa o xerife não captura o bandido. Bandido esse psicótico, sem sentimentos, piedade ou senso de humor. Aqui o Javier Bardem que interpreta o bandido não é nada charmoso, é esquisito, frio, exclusivamente um assassino, fui ficando com medo dele no decorrer do filme, vai que o cara sai da tela e acerta nossa testa não é mesmo?!. Também tem o sombrio “Senhores do Crime”, com uma história sobre mafiosos, adoro. O “Meu nome não é Johnny”, nacional e digno de importação. O triste, melancólico, desesperador “O escafandro e a Borboleta”, para este preparem os lencinhos, o filme é uma daquelas lições de superação e muitos outros. Vale a pena conferir.
Dêem uma olhada na programação e divirtam-se.

FESTIVAL SESC MELHORES FILMES 2009
Nesta edição o público poderá conferir os 53 melhores filmes lançados em 2008 no Festival Sesc Melhores Filmes. A seleção foi realizada por meio de votação do público e da crítica. Foram cerca de 8000 votos do público que selecionaram os longas-metragens dentro de um universo de 334 lançamentos, dos quais 74 nacionais e 260 internacionais, além do olhar cuidadoso de 96 críticos de cinema, de 15 estados brasileiros. Consagrado como o 4º festival mais tradicional do país e o primeiro da cidade de São Paulo, o evento traz em sua 35ª edição sucessos de bilheteria, como os nacionais "Linha de Passe", com a doméstica Cleusa e seus quatro filhos, "Meu Nome Não é Johnny" com o apelo de uma história real e um clube noturno de danças de salão com "Chega de Saudade". "Falsa Loura" é uma jovem operária, que sustenta o pai e finalizando a trilogia de José Mojica Marins, teremos na programação a "Encarnação do Demônio". Ainda entre os nacionais “Estomago”, com a história do migrante nordestino Raimundo Nonato, “Cleópatra” do diretor Julio Bressane que busca referências nos poetas Luís de Camões e João Cabral de Mello Neto. Entre os internacionais temos a produção de “Ensaio sobre a Cegueira”, “Na Natureza Selvagem” e “O Escafandro e a Borboleta”. “Gomorra” e “Paranoid Park” tratam de universos particulares, assim como “Persépolis” da falta de liberdade de expressão. Ingressos: R$ 8,00 , R$ 4,00 (idosos, estudantes, professores e usuários). R$ 2,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculados e dependentes). Pacotes: R$80,00 (pacote com 15 ingressos); R$40 ((idosos, estudantes, professores e usuários); R$20,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculados e dependentes).
Cinesesc: Rua Augusta, 2075 Cerqueira César, CEP: 01413-000
PROGRAMAÇÃO
Quinta-feira, dia 09 14h30: Personal Che - 17h: Um Beijo Roubado - 19h: Era Uma Vez… - 21h30: Vicky Cristina Barcelona
Sexta-feira, dia 10 14h30: Quando Estou Amando - 17h: Juno - 19h: O Segredo do Grão - 21h30: Encarnação do Demônio
Sábado, dia 11 14h30: O Garoto Cósmico - 17h: Persépolis - 19h: Batman O Cavaleiro das Trevas - 21h30: Linha de Passe
Domingo, dia 12 14h30: Wall-E - 17h: Paranoid Park - 19h: Nome Próprio - 21h30: Onde os Fracos não tem vez
Segunda-feira, dia 13 14h30: O Caçador de Pipas - 17h: Senhores do Crime - 19h: Meu Nome Não é Johnny - 21h30: Não Estou Lá
Terça-feira, dia 14 14h30: Falsa Loura - 17h: Vicky Cristina Barcelona - 19h: Luz Silenciosa - 21h30: Um Conto de Natal
Quarta-feira, dia 15 14h30: SICKO $.O.$ Saúde - 17h: Longe Dela - 19h: Meu Nome Não é Johnny - 21h30: Onde os Fracos não tem vez
Quinta-feira, dia 16 14h30: Linha de Passe - 17h: Falsa Loura - 19h: Não Estou Lá - 21h30: Pan-Cinema Permanente
Sexta-feira, dia 17 14h30: O Escafandro e a Borboleta - 17h: Cana Quente - 19h: Os Desafinados - 21h30: Ensaio Sobre a Cegueira
Sabado, dia 18 14h30: Chega de Saudade - 17h: Pecados Inocentes - 19h: A Questão Humana - 21h30: Encarnação do Demônio
Domingo, dia 19 14h30: Batman O Cavaleiro das Trevas - 17h: Senhores do Crime - 19h: Linha de Passe - 21h30: Não Estou Lá
Segunda-feira, dia 20 14h30: Serras da Desordem - 17h: Vicky Cristina Barcelona - 19h: Gomorra - 21h30: Leonera
Terça-feira, dia 21 14h30: O Escafandro e a Borboleta - 17h: Feliz Natal - 19h: 4 meses, 3 semanas e 2 dias - 21h30: Última Parada 174
Quarta-feira, dia 22 14h30: A Questão Humana - 17h: O Mistério do Samba - 19h: Uma Garota Dividida em Dois - 21h30: Na Natureza Selvagem
Quinta-feira, dia 23 14h30: Bezerra de Menezes O Diário de um Espírito - 17h: PanCinema Permanente - 19h: Batman O Cavaleiro das Trevas - 21h30: Juno
Sexta-feira, dia 24 14h30: Pecados Inocentes - 17h: O Signo da Cidade - 19h: Sweeney Todd O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet - 21h30: Crepúsculo
Sabado, dia 25 14h30: Leonera - 17h: Persépolis - 19h: A Questão Humana - 21h30: Estômago
Domingo, dia 26 14h30: Wall E - 17h: Uma Garota Dividida em Dois - 19h: Feliz Natal - 21h30: Shortbus
Segunda-feira, dia 27 14h30: O Mistério do Samba - 17h: Vingança - 19h: Ensaio Sobre a Cegueira - 21h30: O Signo da Cidade
Terça feira, dia 28 14h30: O Silêncio de Lorna - 17h: Personal Che - 19h: Cleópatra - 21h30: Shortbus (Shortbus)
Quarta-feira, dia 29 14h30: Cana Quente - 17h: Senhores do Crime - 19h: Serras da Desordem - 21h30: Sweeney Todd O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet
Sexta-feira, dia 30 14h30: Crepúsculo - 17h: Feliz Natal - 19h: Paranoid Park - 21h30: Última Parada 174

terça-feira, 7 de abril de 2009

A porta, o namorado e as garotas

O rapaz desceu do carro, deu a volta e abriu a porta para a moça descer. Eram namorados e pararam em um bar para fazer uma boquinha.

Dentro do bar um grupinho de mulheres viu a cena toda. Primeiro ficaram encantadas com a educação, com a gentileza do rapaz. Depois passaram a achá-lo bonitinho e o encanto foi virando interesse. Claro que a namorada já tinha percebido tudo e ficou só observando.

Na mesa do grupinho de mulheres (eram quatro) o interesse havia virado disputa, e elas começaram uma verdadeira operação “me note por favor”, “quero paquerar”, “estou aqui e disponível”... E vários comentários a cerca do rapaz esquentavam a disputa e faziam com que o interesse das quatro fosse crescendo “Ele é bem bonitinho heim!”, “Você viu o tamanho da mão, adoro maozão”, “E a bundinha”. Claro que a namorada também virou assunto “Aguada a acompanhante né?!”, “Fora de forma, tá gorda”, “Gorda não menina, olha lá que seca”, “E esse cabelo?!”.

A namorada resolveu inteirar o rapaz sobre o movimento todo que ele estava causando na mesa.

- Sergio você já percebeu?
- Percebi o que?
- Dá uma olhada ali naquela mesa.
- Aquela das baranga? O que é que tem?
- Estão todas enlouquecidas com você, não percebeu? Elas estão te paquerando.
- Anita se liga né meu! Um monte de canhão, já escolheu o que você vai pedir? Eu não tenho a noite toda e você embaça pra caramba.
- Ta, ta já escolhi sim, chama o garçom.
- Chama você não tá muda eu vou no banheiro, pede o meu também, faz essa.
- Garçom...

As quatro garotas ficaram paquerando o rapaz durante todo o tempo em que ele ficou no bar, sem sucesso, o casal pediu a conta e as quatro garotas frustradas continuaram observando “olha lá abriu a porta de novo”, “partidão né?!”, “ai, ai todo gostosinho”, “e a namorada emburrada, Deus não da asa a cobra”.

- Porra Anita, não vai tê jeito, vou tê que trocá essa porta mesmo heim? Mó dinheiro.
- Sei lá Sergio você pode continuar abrindo a porta pra mim, fazendo a linha homem gentil.
- Sai fora, mó mico
- Tem mulher que gosta
- E baranga é mulher?
- Pô Sergio, eu gosto
- Então

E o namorado saiu rindo da piada super engraçada e nada grosseira.
Uma semana depois trocou a porta do carro que estava com defeito e não abria por dentro.

Ilustração Mariana Massarani

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Show

Se tem uma coisa na vida, no mundo, que me deixa imensamente feliz é Show.
Show de gente gostosa então nem se fala. E ontem foi um domingo delicioso, tive o prazer de curtir um show da super gostosa Maria Rita, promovido pelo Shopping Anália Franco, em um evento chamado Grandes Encontros 2009.
Tudo bem estava um sol dos infernos, tô toda queimada, com a boca meio inchada e uma marca em forma de fechadura no busto, mas valeu a pena. É que o evento rolou em um espaço aberto, bem aberto e o Sol teve total acesso ao Show e ao público presente. Muita gente saiu meio tostada do lugar mas essa gente toda também dançou e cantou livremente sambas fofos, tristes, alegres... Alguns de arrepiar, outros de sacudir, assim é o samba né?! A gente ouve, canta, dança e sente, acima de tudo sente.
A Maria Rita ainda não aprendeu a dançar e continua fazendo uns movimentos esquisitíssimos no palco, com uma novidade, ela agora samba e no samba engana bem, já que não faz passinhos tão estranhos.
A banda da mulher também é o máximo, hiper gostosa, o que é o artista sem uma super banda não é mesmo?
Enfim, foi um domingo feliz e agora pensando bem acho que estava ardido daquele jeito porque o Sol ficou conosco vendo o show. Sorte dele não é mesmo que não precisa de Sundown.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Brownie

No momento o melhor doce do mundo

Brownie

Doce
De crescer:
Os olhos

De dar água:
Na boca

De inflar:
Os tecidos adiposos

De elevar:
O peso

De satisfazer:
As papilas

É. De crescer os olhos
E dar água na boca

Como beijo
De língua
Na boca... E nuca... E ouvido...

Pra mim
Em mim
Na boca
E na língua
Com as papilas
E a saliva
Eis o efeito
Do doce

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Estréia ou Era pra ser Ursula

Ando escrevendo muito ultimamente, escrevendo ou querendo escrever. Como perco muita coisa com minha péssima mania de papelzinho decidi registrar meus escritos em outro lugar.
Não sou lá muito organizada, então em cadernos e agendas também não rola, pois também acabo perdendo. Sendo assim optei pelo blog para registrar minhas bobagens úteis ou inúteis, necessárias ou não.
No meu primeiro post como estou meio confusa sem saber como estrear vou falar do nome do blog.

“Era pra ser Ursula” foi o nome escolhido, por se tratar de alguém que eu deveria ter sido mas não sou. Acho que combina com esse espaço virtual em que nem tudo é verdade.
Ursula seria meu nome de batismo, mas nos momentos finais da gestação a Dona Marinalva minha mãe, influenciada por um livro de nomes acabou mudando a sua escolha. Particularmente prefiro a segunda opção, pois acredito que Ursula teria gerado muitos apelidinhos constrangedores (Grande Ursa Branca, Ursinha do Cabelo Pixaim, Ursulina, Ursulona, Ursa com Pintas, enfim...).
A Dona Marinalva minha mãe, acabou optando por Ana Flávia, na verdade dois nomes. O Ana quase nunca é usado, só em consultórios, entrevistas de emprego ou salas de aula. Meu nome duplo não gerou apelidinhos, algumas pessoas me chamam de Flavinha mas apelido mesmo nunca tive.
Vamos aos significados: Ana nome de origem hebraica e quer dizer cheia de graça e Flávia vem do latim, significa dourada ou de cachos, eu gosto mais de dourada.
Agora imaginem só, uma pessoa cheia de graça de acordo com o dicionário deve ser: espirituosa, elegante, ter boa vontade com todos e quem sabe até ter um dom sobrenatural, como meio de salvação ou purificação. E se essa pessoa for também dourada ela tem todos esses “atrativos” e é adornada em ouro.
Nossa! Bonito e improvável. Mas tudo bem, se eu dia me tornar dourada quer dizer que estarei rica, isso é bom. E se eu conseguir ter alguma dessas qualidades de uma pessoa cheia de graça (abro mão do dom sobrenatural) vou passar a acreditar em destino.
Ah! O significado de Ursula? Bom, vem do latim e significa Pequena Ursa. Ninguém merece!
 
Era pra ser Ursula. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino