quarta-feira, 15 de abril de 2009

A Eterna Insatisfeita e o Perseguido

Joana sempre foi assim, a vida toda, nunca estava realmente contente com nada. Se ela queria Jujubas e ganhava, chegava à conclusão de que preferia ter ganhado chocolate. Isso mesmo gostando de Jujubas e achando as mesmas gostosinhas.
E assim Joana foi crescendo. Insatisfeita com os brinquedos que conseguia ganhar, com os doces, com os coleguinhas de escola, com os professores, com os livros e cadernos coloridos. Era sempre igual, no começo animação e sorrisos, mas logo depois o desinteresse e a insatisfação.
Na adolescência Joana não estava satisfeita com seus cabelos, nem com o corpo ou com os namorados, com a família também não. Em tudo sempre existia um porem, que ia desanimando Joana, ao ponto de ela perder totalmente o interesse e começar a se sentir infinitamente insatisfeita.
Já na fase adulta Joana passou por vários empregos e diferentes profissões. Trabalhou em lojas, escritório, escola, indústria e nada, nada de achar o seu lugar.
Existiam algumas coisas que Joana gostava muito, entre elas comer, dormir e dançar, mas não dava pra fazer essas coisas o tempo todo.
Fez análise, terapia e tratamentos alternativos a base de florais, até que um belo dia Joana se descobriu Artista Plástica, no começo era como se seus problemas, suas dúvidas e angústias tivessem terminado. Ali com suas pinturas, esculturas e desenhos, tudo era bom, o tempo todo.
Antônio desde muito, muito cedo tinha uma mania, mania de perseguição. Ele sempre achava que todas as pessoas a sua volta, iriam aprontar algo contra ele a qualquer momento. E o engraçado é que Antônio não tinha nada de diferente ou de muito valioso, era um cara absolutamente comum. Não tinha dinheiro, não era super inteligente, não era lindo, forte nem simpático.
Por causa dessa mania Antônio nunca teve um amigo de verdade, passou à infância toda meio solitário, brincado sozinho para que ninguém quebrasse seus brinquedos, fazendo sozinho os trabalhos escolares para que ninguém ganhasse nota as suas custas. E foi crescendo assim se isolando, brigando e não deixando que ninguém lhe passasse para trás.
Na adolescência, quase não teve namoradas, era muito machista e no geral achava que as mulheres eram aproveitadoras. Não seria prejudicado por causa de uma garotinha perfumada e com pernas de fora.
Aos 30 anos era captador de recursos e formatava projetos de leis de incentivo. Recebia para que outras pessoas também pudessem receber. Como era bom de lábia tornou-se conhecido no mundo dos captadores, era altamente solicitado, quase disputado e claro trabalhava sozinho.
(Continua...)
 
Era pra ser Ursula. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino