terça-feira, 30 de junho de 2009

Entre outras coisas Dieta e Desarranjo - Dia do Tosco 2

Mulher Chorando - Pablo Picasso

Sim, sim, hoje é dia do Tosco novamente. Recebi a tosquice abaixo por email, não sei a fonte e como não resisto postei aqui.


Amiga:

Conforme minha promessa, estou enviando um e-mail contando as novidades da minha primeira semana depois de ser transferida pela empresa para o Rio de Janeiro.

Terminei hoje de arrumar as coisas no meu novo apartamento. Ficou uma gracinha, mas estou exausta. São dez da noite e já estou pregada.

Segunda-Feira:
Cheguei na empresa e já adorei..
Entrei no elevador quase no mesmo instante que o homem mais lindo desse planeta.
Ele é loiro, tem olhos verdes e o corpo musculoso parece querer arrebentar o terno. Lindooooo! Estou apaixonada.
Olhei disfarçadamente a hora no meu relógio de pulso e fiz uma promessa de estar parada defronte ao elevador todos os dias a essa mesma hora.
Ele desceu no andar da engenharia. Conheci o pessoal do setor, todos foram atenciosos comigo. Até o meu chefe foi super delicado. Estou maravilhada com essa cidade. Cheguei em casa e comi comida enlatada. Amanhã vou a um mercado comprar alguma coisa.

Terça-Feira:
Amiga! Precisava contar. Sabe aquele homem de quem falei?
Ele olhou para mim e sorriu quando entramos no elevador... Fiquei sem ação e baixei a cabeça. Como sou burra!
Passei o dia no trabalho pensando que preciso fazer um regime. Me olhei no espelho hoje de manhã e estou com uma barriguinha indiscreta. Fui no mercado e só comprei coisinhas leves: biscoitos, legumes e chás. Resolvido!
Estou de dieta.

Quarta-Feira:
Acordei com dor-de-cabeça. Acho que foi a folha de alface ou o biscoito do jantar. Preciso manter-me firme na dieta. Quero emagrecer dois quilos até o fim-de-semana. Ah! O nome dele é Marcelo... Ouvi um amigo dele falando com ele no elevador. E ainda tem mais: ele desmanchou o noivado há dois meses e está sozinho.
Consegui sorrir para ele quando entrou no elevador e me cumprimentou. Estou progredindo, né?
Como faço para me insinuar sem parecer vulgar? Comprei um vestido dois números menor que o meu. Será a minha meta.

Quinta-Feira:
O Marcelo me cumprimentou ao entrar no elevador. Seu sorriso iluminou tudo! Ele me perguntou se eu era a arquiteta que viera transferida de Brasília e eu só fiz: 'U-hum'....
Ele me perguntou se eu estava gostando do Rio e eu disse: 'U-hum'.
Aí ele perguntou se eu já havia estado antes aqui e eu disse: 'U-hum'.
Então ele perguntou se eu só sabia falar 'U-hum' e eu respondi: 'Ã-hã'.
Será que eu deveria ter falado um pouco mais? Será que fui muito evasiva? Ai, amiga! Estou tão apaixonada!
Estou resolvida! Amanhã vou perguntar se ele não gostaria de me mostrar o Rio de Janeiro no final de semana.
Quanto ao resto, bem... Ando com muita enxaqueca.
Acho que vou quebrar meu regime hoje. Estou fazendo uma sopa de legumes. Espero que não me engorde demais.

Sexta-Feira:
Amiga! Estou arruinada! Ontem à noite não resisti e me empanturrei. Coloquei bastante batata-doce na sopa, além de couve, repolho e beterraba. Menina, saí de casa que parecia um caminhão de lixo.
Como eu peidava! (nossa! Você não imagina a minha vergonha de contar isto, mas se eu não desabafar, vou me jogar pela janela!). No metrô, durante o trajeto para o trabalho, bastava um solavanco para eu soltar um daqueles que nem eu mesma suportava. Teve um momento em que alguém dentro do trem gritou: “Aí! Peidar até pode, mas jogar merda em pó dentro do vagão é muita sacanagem!” Uma senhora gorda foi responsabilizada. Todo mundo olhava para ela, tadinha.
Ela ficou vermelha, ficou amarela, e eu aproveitava cada mudança de cor para soltar outro. O meu maior medo era prender e sair um barulhento. Eu estava morta de vergonha.
Desci na estação e parei atrás de uma moça com um bebê no colo, enquanto aguardava minha vez de sair pela roleta. Aproveitei e soltei mais um. O senhor que estava na frente da mulher com o bebê virou-se para ela e disse:
“Dona! É melhor a senhora jogar esse bebê fora porque ele está estragado!”
Na entrada do prédio onde trabalho tem uma senhora que vende bolinhos, café, queijo, essas coisas de camelô. Pois eu ia passando e um freguês começou a cheirar um pastel, justo na hora em que o futum se espalhou.
O sujeito jogou o pastel no lixo e reclamou: “Pô, dona Maria! Esse pastel tá bichado!”
Entrei no prédio resolvida a subir os dezesseis degraus pela escada. Meu azar foi que o Marcelo ficou segurando a porta, esperando que eu entrasse. Como não me decidia, ele me puxou pelo braço e apertou o botão do meu andar. Já no terceiro andar ficamos sozinhos. Cheguei a me sentir aliviada, pois assim a viagem terminaria mais rápido. Pensei rápido demais... O elevador deu um solavanco e as luzes se apagaram.
Quase instantaneamente a iluminação de emergência acendeu.
Marcelo sorriu (ai, aquele sorriso...) e disse que era a bruxa da sexta-feira. Era assim mesmo, logo a luz voltaria, eu não precisava me preocupar. Mal sabia ele que eu estava mesmo preocupada.
Amiga, juro que tentei prender. Mas antes que saísse com estrondo, deixei escapar.
Abaixei e fiquei respirando rápido, tentando aspirar o máximo possível, como se estivesse me sentindo mal, com falta de ar. Já se imaginou numa situação dessas?
Peidar e ficar tentando aspirar o peido para que o homem mais lindo do mundo não perceba que você peidou?
Ele ficou muito preocupado comigo e, se percebeu o mau cheiro, não o demonstrou.
Quando achei que a catinga havia passado, voltei a respirar normal. Disse para ele que eu era claustrófoba.
Mal ele me ajudou a levantar, eu não consegui prender o segundo, que saiu ainda pior que o anterior.
O coitado dessa vez ficou meio azulado, mas ainda não disse nada. Abaixei novamente e fiquei respirando rápido de novo, como uma mulher em estado de parto. Dessa vez Marcelo ficou afastado, no canto mais distante de mim no elevador. Na ânsia de disfarçar, fiquei olhando para a sola dos meus sapatos, como se estivesse buscando a origem daquele fedor horroroso.
Ele ficou lá, no canto, impávido. Nem bem o cheiro se esvaiu e veio outro. Ele se desesperou e começou a apertar a campainha de emergência. Coitado! Ele esmurrou a porta, gritou, esperneou, e eu lá, na respiração cachorrinho.
Quando a catinga dissipou, ele se acalmou.
As lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos. Ele me viu chorando, enxugou meus olhos e disse:
“Meus olhos também estão ardendo...” Eu juro que pensei que ele fosse dizer algo bonito. Aquilo me magoou profundamente. Pensei: Ah é Desgraçado? Então acabou a respiração cachorrinho... Depois disso, no primeiro ele cobriu o rosto com o paletó. No segundo, enrolou a cabeça. No terceiro, prendeu a respiração, no quarto, ele ficou roxo. No quinto, me sacudiu pelos braços e berrou: “Mulher! Para de se cagar!” Depois disso ele só chorava. Chorou como um bebê até sermos resgatados, quatro horas depois.
Entrei no escritório e pedi minha transferência para outro lugar, de preferência outro País.
Amiga, apague este e-mail depois de ler, tá?
Se eu tenho vergonha de achar graça em bobagens como essa? Não, não.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Jaz


E jaz...
Jaz o Michael Jackson!
O bizarro Michael;
O falido Michael;
O outrora talentoso e genial Michael;
O inovador Michael;
O único, inconfundível Michael;
O que foi afinado e dançante Michael;
O decadente Michael...

Quem nunca brincou de Thriller?
Quem nunca tentou fazer os seus passinhos?
Quem nunca tentou imitar os gritinhos?
Quem nunca se esbaldou ao som de algum dos seus hits?
Quem não se assustou e se chocou com o monstro que ele foi virando???

Tudo bem, não achava que ele ir ficar velhinho enrugado e de cabelos brancos, mas foi meio repentino o negócio.
Pena não ter dado tempo do ídolo esquisitão ter feito sua última turnê, de verdade. Quem sabe não seria o retorno do Deus, do Rei do Pop!
Certamente sua trajetória de sucessos e escândalos vai ficar por aí.

De qualquer forma é muito melhor do lembrar do artista, da sua contribuição para a música. O cara foi e é uma figura histórica, que bateu recordes de venda e de público pelo mundo todo, além de ter influenciado inúmeros outros artistas. E isso definitivamente não é pra qualquer um.
Que ele seja bem vindo a verdadeira Terra do Nunca! Que lá ele seja mais feliz.
Afinal, ele só pode ter ido pra lá.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Bom

É bom quando percebemos que certas mágoas não existem mais (ufa!).
Muito bom quando dá pra sacar a tempo, que certas coisas são pequenas pra muita chateação e bafafá.
Bom quando pessoas mudam mas nem tanto.
Bom quando dá tempo de não perder tanto tempo mais.
Bom quando certos sentimentos não morrem, se abalam mas não morrem.
Bom ter uma chance, aceitar, retribuir...
Bom e viva!
Ao que é Bom e ao Reencontro.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Sobre primeiras coisas

Falei dia desses aqui sobre o meu primeiro emprego. Pensando nessa coisa de primeira vez lembrei algo que na maioria dos casos é inesquecível, pelo menos para as mulheres. O Primeiro Beijo, em alguns casos MA-RA-VI-LHO-SO! Acompanhado de frio na barriga, sentimentos de afeto, ansiedade, expectativa, insegurança, curiosidade...
Isso tudo junto pode dar em uma experiência ótima, ou não. Como foi o meu caso.

O caminho para conseguir o tal Primeiro Beijo foi como de muita gente. Como descrevi em outro post eu não era a garotinha mais linda do mundo inteiro, nem do bairro inteiro, escola inteira ou da rua inteira. Pelo contrário eu era feinha e ninguém era apaixonado por mim. Aí me utilizei daquele velho recurso para conseguir beijar pela primeira vez: Brincar de “Beijo, Abraço, Aperto de Mão” ou “Salada Mista” ou qualquer outro nome que a brincadeira tenha.

Pois bem, estava eu lá de olhinhos fechados e acabei escolhendo um garotinho, não foi nada combinado, nunca fui boa com jogos e coisas armadas sabe?! Depois de “escolher” o garoto não perdi a oportunidade, disse que escolhia Beijo. Ok abri os olhos e dei de cara com o “garoto da rua de baixo”, chamado André.
O André não era feio nem bonito, eu não o adorava nem o odiava, nós nunca tínhamos brigado nem nada do tipo, então servia. A Experiência não aconteceu ali na hora, chegada em um mistério, ou por causa de um medinho mesmo, marquei um “encontro” para mais tarde.

As 20h00 eu estava no local combinado, tentei ir mais bonitinha, tentei ir com o cabelo mais arrumado, tentei não ter pernocas tão compridas. Até me perfumei!
O "garoto da rua de baixo", o André, chegou atrasado. Ponto negativo pra ele, mas isso não foi nada perto do que estava por vir.
Acontece que era a minha primeira vez beijando e claro criei um monte de expectativas, queria um clima mais romântico. Tudo bem, o beco onde estávamos não ajudava, mas poxa vida! O "garoto da rua de baixo" era muito afoito, já chegou com uma cara estranha, e com aquela mão bem aberta querendo me pegar, mas isso também não foi o pior.

"O garoto da rua de baixo" tinha acabado de jantar.
Como eu sei?
Sei por que senti. Ele não escovou os dentes.
"O garoto da rua de baixo" jantou arroz, feijão e bife (acho que um bife meio duro, me pareceu pelo gosto) e bebeu Café com Leite.
Foda a mistura da janta com o CAFÉ COM LEITE, foda e nojento também, mas isso ainda não foi o pior.

O pior? O pior foi aquele arroz, aquele grão de arroz, provavelmente estava alojado em algum buraco de algum dente e bem na hora do beijo ele, o grão de arroz, decidiu “passear”. Ele fez o trajeto da boca do "garoto de rua de baixo" até a minha, sem a menor cerimônia. Um grão de arroz inteiro, banhado de café com leite. Sim, eu não tinha prática não soube o que fazer, mordi, mordi aquele grão de arroz.
Arg!!! Que nojo! Que nojo! Que nojo!
Depois disso larguei o "garoto da rua de baixo" e sai correndo com a minhas pernocas compridas e meu cabelo descabelado.

Se eu fiquei com algum trauma?
Só de café com leite, até hoje não tomo de jeito nenhum. Nojo, muito nojo, até do cheiro.
Mas sim, foi inesquecível.
Nojentamente inesquecível!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Gripada


Estragada
Meio passada
Desatenta
E sonolenta

Voz estranha
Meio fanha
E cansada
Até parada

Sem passagem na garganta
Sem vontade ou elegância
E sem culpa por não rimar
Nem ânimo pra pensar

Vou ficando por aqui
Deixo assim
Sem terminar

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Festa do Teatro


Vocês já ficaram sabendo, heim, heim, heim??? Da Festa do Teatro????
Que esquema bacana! Muitos, vários ingressos gratuitos para espetáculos teatrais variados, em tudo quanto é canto.
São mais de 30 mil ingressos para uma penca de espetáculos. Que loucura heim!!!
Segundo Hugo Possolo, diretor dos Parlapatões, 98% dos espetáculos em cartaz aderiram ao projeto.
É peça que não acaba mais!

É por essas e outras que amo São Paulo.
Tudo bem tem o trânsito, tem esse jeitão cinza de ser que a cidade tem, e todos os problemas, bota problema nisso. Mas por aqui acontece dessas coisas. Tem mostras e festivais de cinema a preços irrisórios, tem exposição gratuita em um monte de lugares, tem bibliotecas a rôdo, tem parques, tem quilos e quilos e mais quilos e toneladas de bares, botecos, restaurantes, baladas, espetáculos de rua e por aí vai.

Você acha que isso é bobagem?! Não é não. Imagina só se você morasse em "Conceição do Mato Verde". Uma cidade linda, calma, cheia de arvores, ar puro, uma pracinha com coreto, velhinhos, criancinhas, uma sorveteria, um botequim, bicicletas como meio de transporte, uma barbearia, muitos passarinhos, riacho com patos, brisa constante, cheiro de mato e tédio, muito tédio.
Nenhum barulho de carro, nenhuma buzina de motoqueiro, nenhuma livraria, nem cinema, nem teatro, nem pistas de dança, nem cantinas, nem festas na rua meu Deus!!! Socorro!!!

Ah! Conceição do Mato Verde é uma cidade chatíssima e fictícia.
Acessa a programação da Festa do Teatro e seja feliz !!!!
www.festadoteatro.com.br

terça-feira, 16 de junho de 2009

Composição

Lá é tudo Marrom
Marrom em Tom-Sur-Tom
Mas, tudo Marrom

Aí colocaram uma plantinha
Para aliviar
Melhorar
Animar

Na tentativa de colorir
Mas de forma harmônica e sóbria, até de mais!

Ficou tudo meio cru
Continuou tudo meio cru
E o que é cru não tem gosto bom
Não ao meu gosto

Bom, pelo menos gosto de Marrom

segunda-feira, 15 de junho de 2009

No ônibus

Tem coisas que só podemos ver no transporte coletivo, verdade. Acho que nos ônibus, trens e metrôs da cidade estão as melhores histórias, as situações mais esquisitas e improváveis.

Ontem, domingão, fui bater um papo com uma amiga. Saí de casa quinze para as sete. Fui para o ponto e peguei o primeiro ônibus que passou.
Eu nunca vi aquilo, pelo menos não em um ônibus só. E em um domingo a noite que deveria ser um dia mais tranquilinho nos ônibus.
Entraram no mesmo ponto que eu:

- Um ceguinho com bengala e acompanhante;
- Uma mulher com um bebê recém nascido, do tamanho de um abacaxi no máximo (abacaxi sem a coroa);
- Uma velhinha muito velhinha que mal podia andar, com uma acompanhante;
- Mais uma velhinha, muito velhinha, ainda mais velhinha e acabada que a anterior, também com uma acompanhante;
- Duas velhinhas bem menos velhinhas e acabadas que as duas anteriores e sem acompanhantes além de uma a outra, elas eram mui amigas.
Além de outro ceguinho, também com bengala e acompanhante que não embarcou, ficou no ponto.

Sim dois ceguinhos no mesmo ponto, no domingo a noite, eu heim! E eles não se conheciam, pelo menos não estavam perto um do outro. E não pareciam fazer parte de uma excursão para cegos nem nada do tipo.

Percebi que as duas velhinhas mais novas eram mui amigas porque elas sentaram na minha frente e foram conversando sem parar o trajeto todo. Falaram do almoço maravilhoso que tiveram (elas comeram panqueca), do barrigão de uma das noras que espera o terceiro netinho mais lindo do mundo inteiro! Do professor de ginástica das duas que é gentil, bonito, educado e que nem de longe lembrava nenhum professor que elas tiveram na juventude.
Antes de eu descer elas deixaram acertada a caminhada semanal, e o almoço do próximo sábado.

A mulher que carregava o bebezinho não estava satisfeita em banco nenhum, trocou de lugar umas quatro vezes, tudo com muita agilidade já que ela carregava bebê, bolsa, uma blusa e três sacolas. Alguém já reparou nas “bolsinhas” que as mães de recém nascidos carregam? Fiquei impressionada.

O ceguinho estava de boa, mas não parava de bater a bengala no ônibus, será algum tipo de contagem?

Uma das velhinhas muito velhinha, que estava sentada na parte da frente do ônibus encostou e capotou. A acompanhante toda hora dava uma cutucadinha. Acho que era pra conferir se a velhinha continuava viva.

E a segunda velhinha, a mais velhinha e acabada de todas queria fazer xixi desde o momento em que entrou no ônibus. Aí a acompanhante reclamou: “Poxa Dona Tê porque a senhora não falou lá fora? A senhora sabe que estamos indo para a Estação da Luz e que é longe”. E bota longe nisso, mais de uma hora de percurso.
Ouvindo as queixas da velhinha e percebendo a aflição da acompanhante, o motorista parou o ônibus em frente a um bar, “desce moça, leva a senhora no banheiro, melhor esperar ela urinar do que ter que limpar né mesmo? Já pensou em fralda senhora? É a gente vai ficando mais velho e vai virando bebê de novo”. Ele disse tudo isso docemente e sorrindo, gentil, bem gentil o motorista. E ele não só parou na frente do bar, como esperou a velha ir e voltar do banheiro, o que demorou um pouco. Ainda bem que eu saí de casa adiantada né?!

Por incrível que pareça ninguém ficou revoltado latindo e babando, ninguém quis dar um tiro no motorista ou matar a velha na porrada. Pelo menos ninguém falou nada. Espantoso!

Não tem explicação, acho que só um domingo a noite, com frio e ônibus vazio tira o ódio e a falta de paciência do coraçãozinho das pessoas. Eu não gosto de frio, nenhum pouco já disse, mas o clima do ônibus estava bom.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Confusão

Ando meio preguiçosa.
Deve ser esse tempo cinza.
Ou será que tô triste? É que triste não tenho muita inspiração.
Ou tenho, mas só para outras coisas tristes.

Mentira. Tudo mentira.
Na verdade sou meio preguiçosa.
Independente do tempo.

Quer dizer, quase.
Quase tudo mentira.
Ou não.
Pode ser só uma confusão.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Apelidinhos

Não se engane, hoje não dia do tosco de novo, o texto é sobre outra mania.

É ótimo colocar apelidinhos nos outros. Apelidinhos maldosos é claro. Além de deixar o papo mais divertido as vítimas nunca vão saber que são assunto. Essa é uma mania antiga, e que sempre esteve presente em todas as gangues por qual eu passei e que sobrevive até hoje.

Eis alguns:
- Homem sem face: Cara sem expressão, você não sabe se ele está triste, feliz ou com dor de barriga;
- Cara de bolacha: Pessoa de cara redondona;
- Cara de bolacha de Aveia: Pessoa de cara mui redonda e com espinhas;
- Cara de bolacha Maria: Pessoa de cara mui redonda, você não tem noção;
- Sem pescoço: Parece que a cabeça da pessoa está bem no meio dos ombros;
- Semp: Abreviação de sem pescoço;
- Super dentes: Esse é óbvio, ou não? é uma coisa tipo Ronaldinho Gaúcho;
- Sapo: Só falta ser verde, mas não, nunca vai se tranformar em príncipe;
- Dançarino: Moço que dança mui bem (esse pode enganar, você pode achar que ele é ótimo em tudo porque é dançarino, mas ele pode não ser, isso acontece e é péssimo);
- Kiko: aquele do programa Chaves o bochechudo;
- Rambo: Esse também é óbvio, fortão, marrento, mau encarado, usa estampa camuflada, prefere verde exército;
- Peipular: Moça peituda e popular;
- Daí: Do Sul;
- Brutos: Muito óbvio, é uma variação do Rambo, só que o Brutos é mais grosso e não adora estampa camuflada nem verde exército;
- Nerd (outro óbvio);
- Bruce Willis: Esse era ilusão de uma amiga que na época tinha certeza absoluta de que o mocinho que ela saia parecia o ator americano, mas não, não parecia. Mulher é aquela coisa né vê o que quer e do jeito que quer;
- Pedro de Lara: Aquele que não gosta de nada;
- Papai Noel: Senhor branco, gordo, de bochechas rosadas e bem bonzinho.
E outros, muitos outros.

Não sei se atualmente minhas amiguinhas e Eu temos a mesma criatividade, mas ainda acontece. E é engraçado porque tem apelidos que simplesmente acontecem, você nem precisa pensar muito, ta lá, na cara da pessoa, no jeitinho de falar, na forma como ela age enfim...

Opa será que sou apelidada por aí??? Nossa nunca pensei nisso.
É porque se eu invento apelidinhos é bem provável que eu ganhe apelidinhos dos outros também, ou será que essa mania é exclusiva da minha turma. Eita que agora fiquei curiosa, e preocupada.
Bom, queridos amigos, colegas e conhecidos caso alguém tenha alguma informação sobre meus nomes extra-oficiais por favor heim...!?
Obs. ¹ Agradeço as minha colaboradoras Olga Patricia e Lídia Sant'Anna
Obs.² O apelidinho Pedro de lara não foi inventado por mim e sim por uma amiga atriz a Izabel

segunda-feira, 8 de junho de 2009

E viva! A Paty e ao Primeiro Emprego

Hoje é aniversário da Paty, essa garota que está na foto aí em cima. A Paty é minha amiga de fé, irmã camarada sabe?!!!
As vezes a gente rosna uma pra outra, as vezes rola um excesso de sinceridade entre nós, as vezes discordamos de tudo... Mas sou bem feliz por tê-la em minha vida. Não tenho um milhão de amigos pra bem mais forte poder cantar, acho que sou mais adepta dos poucos e bons, e a Paty está sem dúvida entre as melhores. Parabéns garota, tudo do bom e do melhor para você e para os seus. Te Amo viu?!

Aí ontem eu estava jogada no sofá sapeando pelos canais de TV, e na MTV estava rolando um programa em que o tema era estagiário. Os caras estavam tirando um sarro dos estagiários, das funções toscas que são atribuídas a eles enfim... É claro que lembrei do meu primeiro emprego. Sim, fui estagiária, na CETESB e era o máximo. Se eu pensar bem acho que foi o meu melhor emprego. Tudo bem eu também pegava cafezinho, e não em xícaras em uma bandeja, eu saia carregando garrafas de um prédio para o outro. Mas era tudo muito, muito divertido. Acho que as coisas não tinham o peso que tem hoje.
Trabalhei lá por oito meses, era secretária. Meu Deus EU Secretaria. Devo admitir que eu não era a melhor secretaria do mundo, mas volto a dizer era tudo muito divertido. Depois dos oito meses consegui pagar uma viagem de uma semana, foi a primeira e única vez que meu trabalho pagou decentemente uma viagem inteira, inteirinha, ida, volta, despesas tudo. E não fiquei endividada depois. É bons tempos.
Ah e na CETESB tinha uma biblioteca que era máximo! Só consegui o estágio porque fui super cara de pau, na verdade quem foi chamada para a vaga foi uma amiga dos tempos de colégio a Ana Paula, só que a Paula já estava trabalhando, e eu Ana Flávia ainda não. Acontece que eu também tinha deixado meu currículo lá e fui à entrevista no lugar da Ana Paula. Chegue ao RH e me perguntaram:

- Você veio para a entrevista da Ana Paula
- Sim.
Eu respondi. Aí me mandaram pra uma salinha onde fiquei um tempinho esperando a gerente. Ela chegou, sentou, deu uma olhada no currículo da Paula e começou a conversar comigo:

- Então Ana Paula esse é o seu primeiro emprego?
- Eu não sou a Ana Paula sou a Ana Flávia, é que Ana Paula já está trabalhando e eu não. Deixamos o currículo aqui juntas e achei que Ana por Ana... Ta aqui o meu currículo.

É acho que eu era muito mais atrevida e a gerente acabou indo com a minha cara.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Não. Não gosto, não gosto, não gosto

Eu detesto o frio. Mesmo. De verdade. Com todas as minhas forças.
Sei que muita gente adora, mas pra mim é simplesmente impossível ter bons sentimentos pelo Inverno, e agora até pelo Outono que tá nervoso esse ano.
Por mim a vida seria um Verão Eterno, no máximo Verão e Primavera.

As pessoas que amam o frio vão dizer:

- Ah mas o frio é ótimo pra dormir!
E eu respondo: Não pra quem acorda cedo, acho que existem poucas coisas piores que sair do ninho quentinho, cedinho, pra tomar frio na cara e pegar ônibus, metrô e trem. Tudo lotado.

- Ah mas o frio é ótimo pra namorar!
Alguém por acaso namora 24 horas por dia? 12 horas por dia? 6 ? 3? Todo dia? Ah faça-me o favor.

- Ah mas no frio as pessoas ficam mais bem vestidas, mais elegantes!
Só quem tem blusas ótimas, lindas e quentíssimas, porque quem não tem anda por aí parecendo um bolo fofo, com uma blusa dentro da outra, tudo cheirando a guardado. Só é vantajoso pra quem costuma cair muito, já que é impossível se machucar com tanto pano pelo corpo.

- Ah mas quando está frio é ótimo beber aquele vinhozinho!
Fala sério dá pra beber vinho o ano inteiro.

- Ah mas o frio é ótimo pra comer queijo, fondue...
Me poupe. Alguém precisa de estação ou temperatura certa pra comer Queijo? Queijo gente se come em qualquer dia, a qualquer hora, eu por exemplo, sempre tenho um teco na bolsa.

- Ah mas ver aquele filminho no frio é o máximo!
Definitivamente quem só vai ao cinema ou assiste DVD’s quando está frio simplesmente não gosta de cinema, porque e toooooooooodos os filmes que rolam o ano inteiro?

- Ah mas existem ótimos roteiros de viagem no frio: Gramado, Blumenau, Campos do Jordão, Monte Verde, Petrópolis...
Ai, ai, a pessoa sai de São Paulo pagando horrores, carregando malas e malas de blusas para passar frio mais longe de casa. Não vou nem comentar mais...

Sinceramente pra mim o frio só serve pra comermos mais, muito mais.
Ganhar quilos, porque comemos mais, muito mais.
Gastar mais com roupas porque se mulher já gasta o que não tem com roupas e afins, no frio é muito pior, já que é tudo mais caro.
Ir mais ao banheiro, muito mais. E aqui pra nós eu já faço bastante xixi, mas no frio minha nossa!
Dormir. Essa é verdade, já que é quase a única coisa que rola uma disposição.
Enfim pra mim quase nada no mundo é melhor que uma Noite de Verão.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Compras e mais compras

Eliana sentiu na pele o que pesquisas mil já noticiaram há muito tempo: A combinação mulher deprimida e compras é explosiva. E detona (às vezes definitivamente) o cartão de crédito, a conta bancária, o cheque especial e o nome da pessoa.

Nossa vítima dos impulsos femininos já namorava a um tempão. Mesmo. Acontece que o relacionamento não estava lá muito bom; o casal (Eliana e o seu par) estava tendo problemas semanais e já fazia um certo tempo. Num Domingo dublado e solitário Eliana decidiu dar uma volta, já que ficar em casa remoendo problemas não ajudaria muita coisa, foi ao shopping, quem sabe não pegava um cineminha... Qual não foi a surpresa de Eliana quando ela percebeu o quanto ficou contente e satisfeita após ter comprado uma bota preta, que está na moda, é confortável e por um preço ótimo. Por algum tempo esqueceu dos seus problemas, do seu relacionamento conturbado, do salário baixo, dos quilinhos a mais enfim... A vida ficou melhor.

Os dias foram passando e Eliana não conseguia resolver seus problemas amorosos, mas tudo bem, ela havia descoberto um meio de se sentir melhor: O Shopping, as Lojas, as compras. E como estava constantemente deprimida, estava comprando também constantemente. Seus parentes e amigos próximos começaram a ficar preocupados, afinal Eliana não era tão bem remunerada para gastar tanto.
Seu guarda roupas estava cheio, sua cômoda também, seu quarto todo estava tomado por sacolas de coisas novas que Eliana sequer abriu. Perfumes, lingerie, calçados, agendas, roupas, livros, DVD’S e até jóias.

Depois de um tempo e com a ajuda de um amigo analista, Eliana começou enxergar melhor sua situação. Comprou inumemos calçados salto 15, mas sequer podia usar salto; comprou casacos de pele, mas mora no Brasil (se bem que tem feito muito frio ultimamente); comprou perfumes e cremes importados, mas é alérgica a maioria; comprou botas com estampas de Cobra, Jacaré, Vaca e Zebra horríveis, todas horríveis; comprou óculos de sol importados, mas usa óculos de grau e não enxerga sem eles; comprou livros em outros idiomas, mas não fala, lê nem escreve em outras línguas; comprou CD’s de artistas que não gosta; DVD’S de filmes que não entende. Até um carro, sim, Eliana comprou um carro, um carro zero quilômetro, em 60 prestações, mas ela sequer sabe dirigir.

Agora com o nome porco na praça, Eliane deve pra Deus, o mundo e o inferno, vive como naquela musica do Zeca Pagodinho: “Tô devendo, a Dona Maria da quitanda / Ta ruim pra mim, chego até a passar de banda / Pra Dona Maria não me vê, quando ela me vê se zanga / Pra Dona Maria não me vê, quando ela me vê se zanga...” É a mulher tá devendo até na quitanda.

E o namoro? O namoro acabou, é que o estresse por carregar tantas dividas não deixava Eliana em paz, agora se encontra solteira e endividada. Está organizando um bazar, é vai tentar vender bem baratinho as porcarias que comprou pagando caro, também está fazendo uma rifa para o carro, o ganhador ganha um carro com parcelas a pagar. Está locando os livros CD'S e DVD’S, tudo isso na tentativa de minimizar os danos da péssima situação.

Onde isso vai parar? Como ficou ou vai ficar a situação de Eliana? Não sei. Não tenho que saber de tudo, mas na seqüência você verá os convites, informativos e propostas das tentativas de salvação da moça. Se alguém tiver interesse e boa vontade...

ilustração Mariana Massarani



ilustração Mariana Massarani

Obs: Essa história é fictícia, qualquer semelhança coma vida de alguém é mera coincidência viu!!! Vai que algum leitor desse Blog é muito bom, generoso e liga para a Eliana querendo dar uma ajudinha. Será que esse número existe??? Vou fazer um teste...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Janice Observa

Atenção: Quem for fraco (a) do estômago ou tiver nojinho por quase qualquer coisa não leia. Depois não diz que não avisei


Janice era uma moça muito atenta, observadora. Estava sempre prestando atenção nas pessoas ao seu redor. Fosse onde fosse, no trabalho, na rua, nos coletivos... Estava sempre ligada.

Para ficar mais a vontade e não ser percebida adotou um acessório indispensável a sua curiosidade: Óculos escuros. Estava sempre usando óculos, em qualquer lugar e horário; com sol ou chuva; em locais abertos e fechados; usava até quando estava escurecendo. Com o acessório Janice se sentia protegida, como se estivesse disfarçada. E o engraçado é que as pessoas realmente não notavam que eram observadas por Janice. A moça era discreta na sua xeretagem.

Janice passou a ter esse hábito quando notou que as pessoas tinham uma espécie de mania em massa. Não importava o lugar, sexo ou idade, lá pelas tantas elas faziam a mesma coisa, tinham a mesma atitude. Bastava que se sentissem um pouquinho seguras, com ilusão de privacidade em público que faziam. Sem vergonha alguma. A maioria usava o indicador, mas havia os que preferiam o dedão, por exemplo, o que tornava a observação de Janice mais interessante.

Não havia um dia em que a observação de Janice falhasse, era só esperar, ter paciência, que mais hora, menos hora o observado, a “vítima” da vez não resistia e opa! Introduzia um dos dedos no nariz em busca de Catota.

Ah!!!! Achou nojento? Escatológico? Deixa de bobagem! Cada um com sua mania ué! E essa era a de Janice, observar as pessoas que cutucavam o nariz. "E como o povo cutuca o nariz!" Concluiu Janice depois de tempos de experiência.

Talvez essa mania na maior idade refletisse hábitos da sua infância, era uma mania nostálgica. É que quando criança Janice foi viciada em Catota. Seus pais tentaram de tudo, de broncas a castigos, mas nada adiantava. Era um vício! Com o tempo a Catota gerada diariamente pelo narizinho de Janice não era suficiente, foi aí que a pequena teve a grande idéia. Se ela conseguisse juntar o conteúdo diário, no final de semana teria o suficiente para se deliciar por mais tempo, isso, teria uma quantidade muito maior de Catota.

E a pequena Janice pôs seu plano em prática. Sem que sua mãe pudesse imaginar, a garotinha ia juntando de hora em hora todo o conteúdo do seu nariz, e ia acrescentando a uma bolinha que ficava escondida dentro do congelador. Não existia um critério especifico para anexar novas Catotas, Janice não fazia distinção de cor, textura, ou quantidade, a regra era muito simples: Juntar Catota. A maior quantidade possível!

No final de uma semana de trabalho árduo, Janice era dona de uma bolinha Catotal considerável, quase do tamanho de uma Azeitona, a bolinha chegava a lembrar uma Azeitona.
Sem nenhum tipo de cerimônia, Janice pegou o fruto do seu vício nojentinho, escolheu um canto de sua casa, sentou-se e foi deliciando devagarinho, mordiscando com cuidado aquele troço meio verde, meio marrom, meio roxo.
Ao final do seu pecado escatológico ficou com certo nojinho. Sim, foi a última vez que Janice comeu Catota, talvez porque enjoou ou porque sua mãe descobriu e lhe aplicou um corretivo daqueles.

Do vício antigo restou apenas a obsessão em observar os que fazem hoje o que Janice tanto fez na sua infância.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Poeminha

Temporário

Tédio, sono e solidão
Sono, solidão e tédio
Solidão, tédio e sono

E chatice
E sono, e tédio, e solidão
E esse é o trabalho

Ah! E às vezes fome
E xixi também
E tédio, sono e solidão

De salto alto e maquiagem
Mas como é só de passagem...
 
Era pra ser Ursula. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino