terça-feira, 2 de junho de 2009

Janice Observa

Atenção: Quem for fraco (a) do estômago ou tiver nojinho por quase qualquer coisa não leia. Depois não diz que não avisei


Janice era uma moça muito atenta, observadora. Estava sempre prestando atenção nas pessoas ao seu redor. Fosse onde fosse, no trabalho, na rua, nos coletivos... Estava sempre ligada.

Para ficar mais a vontade e não ser percebida adotou um acessório indispensável a sua curiosidade: Óculos escuros. Estava sempre usando óculos, em qualquer lugar e horário; com sol ou chuva; em locais abertos e fechados; usava até quando estava escurecendo. Com o acessório Janice se sentia protegida, como se estivesse disfarçada. E o engraçado é que as pessoas realmente não notavam que eram observadas por Janice. A moça era discreta na sua xeretagem.

Janice passou a ter esse hábito quando notou que as pessoas tinham uma espécie de mania em massa. Não importava o lugar, sexo ou idade, lá pelas tantas elas faziam a mesma coisa, tinham a mesma atitude. Bastava que se sentissem um pouquinho seguras, com ilusão de privacidade em público que faziam. Sem vergonha alguma. A maioria usava o indicador, mas havia os que preferiam o dedão, por exemplo, o que tornava a observação de Janice mais interessante.

Não havia um dia em que a observação de Janice falhasse, era só esperar, ter paciência, que mais hora, menos hora o observado, a “vítima” da vez não resistia e opa! Introduzia um dos dedos no nariz em busca de Catota.

Ah!!!! Achou nojento? Escatológico? Deixa de bobagem! Cada um com sua mania ué! E essa era a de Janice, observar as pessoas que cutucavam o nariz. "E como o povo cutuca o nariz!" Concluiu Janice depois de tempos de experiência.

Talvez essa mania na maior idade refletisse hábitos da sua infância, era uma mania nostálgica. É que quando criança Janice foi viciada em Catota. Seus pais tentaram de tudo, de broncas a castigos, mas nada adiantava. Era um vício! Com o tempo a Catota gerada diariamente pelo narizinho de Janice não era suficiente, foi aí que a pequena teve a grande idéia. Se ela conseguisse juntar o conteúdo diário, no final de semana teria o suficiente para se deliciar por mais tempo, isso, teria uma quantidade muito maior de Catota.

E a pequena Janice pôs seu plano em prática. Sem que sua mãe pudesse imaginar, a garotinha ia juntando de hora em hora todo o conteúdo do seu nariz, e ia acrescentando a uma bolinha que ficava escondida dentro do congelador. Não existia um critério especifico para anexar novas Catotas, Janice não fazia distinção de cor, textura, ou quantidade, a regra era muito simples: Juntar Catota. A maior quantidade possível!

No final de uma semana de trabalho árduo, Janice era dona de uma bolinha Catotal considerável, quase do tamanho de uma Azeitona, a bolinha chegava a lembrar uma Azeitona.
Sem nenhum tipo de cerimônia, Janice pegou o fruto do seu vício nojentinho, escolheu um canto de sua casa, sentou-se e foi deliciando devagarinho, mordiscando com cuidado aquele troço meio verde, meio marrom, meio roxo.
Ao final do seu pecado escatológico ficou com certo nojinho. Sim, foi a última vez que Janice comeu Catota, talvez porque enjoou ou porque sua mãe descobriu e lhe aplicou um corretivo daqueles.

Do vício antigo restou apenas a obsessão em observar os que fazem hoje o que Janice tanto fez na sua infância.

 
Era pra ser Ursula. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino