Tem coisas que só podemos ver no transporte coletivo, verdade. Acho que nos ônibus, trens e metrôs da cidade estão as melhores histórias, as situações mais esquisitas e improváveis.
Ontem, domingão, fui bater um papo com uma amiga. Saí de casa quinze para as sete. Fui para o ponto e peguei o primeiro ônibus que passou.
Eu nunca vi aquilo, pelo menos não em um ônibus só. E em um domingo a noite que deveria ser um dia mais tranquilinho nos ônibus.
Entraram no mesmo ponto que eu:
- Um ceguinho com bengala e acompanhante;
- Uma mulher com um bebê recém nascido, do tamanho de um abacaxi no máximo (abacaxi sem a coroa);
- Uma velhinha muito velhinha que mal podia andar, com uma acompanhante;
- Mais uma velhinha, muito velhinha, ainda mais velhinha e acabada que a anterior, também com uma acompanhante;
- Duas velhinhas bem menos velhinhas e acabadas que as duas anteriores e sem acompanhantes além de uma a outra, elas eram mui amigas.
Além de outro ceguinho, também com bengala e acompanhante que não embarcou, ficou no ponto.
Sim dois ceguinhos no mesmo ponto, no domingo a noite, eu heim! E eles não se conheciam, pelo menos não estavam perto um do outro. E não pareciam fazer parte de uma excursão para cegos nem nada do tipo.
Percebi que as duas velhinhas mais novas eram mui amigas porque elas sentaram na minha frente e foram conversando sem parar o trajeto todo. Falaram do almoço maravilhoso que tiveram (elas comeram panqueca), do barrigão de uma das noras que espera o terceiro netinho mais lindo do mundo inteiro! Do professor de ginástica das duas que é gentil, bonito, educado e que nem de longe lembrava nenhum professor que elas tiveram na juventude.
Antes de eu descer elas deixaram acertada a caminhada semanal, e o almoço do próximo sábado.
A mulher que carregava o bebezinho não estava satisfeita em banco nenhum, trocou de lugar umas quatro vezes, tudo com muita agilidade já que ela carregava bebê, bolsa, uma blusa e três sacolas. Alguém já reparou nas “bolsinhas” que as mães de recém nascidos carregam? Fiquei impressionada.
O ceguinho estava de boa, mas não parava de bater a bengala no ônibus, será algum tipo de contagem?
Uma das velhinhas muito velhinha, que estava sentada na parte da frente do ônibus encostou e capotou. A acompanhante toda hora dava uma cutucadinha. Acho que era pra conferir se a velhinha continuava viva.
E a segunda velhinha, a mais velhinha e acabada de todas queria fazer xixi desde o momento em que entrou no ônibus. Aí a acompanhante reclamou: “Poxa Dona Tê porque a senhora não falou lá fora? A senhora sabe que estamos indo para a Estação da Luz e que é longe”. E bota longe nisso, mais de uma hora de percurso.
Ouvindo as queixas da velhinha e percebendo a aflição da acompanhante, o motorista parou o ônibus em frente a um bar, “desce moça, leva a senhora no banheiro, melhor esperar ela urinar do que ter que limpar né mesmo? Já pensou em fralda senhora? É a gente vai ficando mais velho e vai virando bebê de novo”. Ele disse tudo isso docemente e sorrindo, gentil, bem gentil o motorista. E ele não só parou na frente do bar, como esperou a velha ir e voltar do banheiro, o que demorou um pouco. Ainda bem que eu saí de casa adiantada né?!
Por incrível que pareça ninguém ficou revoltado latindo e babando, ninguém quis dar um tiro no motorista ou matar a velha na porrada. Pelo menos ninguém falou nada. Espantoso!
Não tem explicação, acho que só um domingo a noite, com frio e ônibus vazio tira o ódio e a falta de paciência do coraçãozinho das pessoas. Eu não gosto de frio, nenhum pouco já disse, mas o clima do ônibus estava bom.
Ontem, domingão, fui bater um papo com uma amiga. Saí de casa quinze para as sete. Fui para o ponto e peguei o primeiro ônibus que passou.
Eu nunca vi aquilo, pelo menos não em um ônibus só. E em um domingo a noite que deveria ser um dia mais tranquilinho nos ônibus.
Entraram no mesmo ponto que eu:
- Um ceguinho com bengala e acompanhante;
- Uma mulher com um bebê recém nascido, do tamanho de um abacaxi no máximo (abacaxi sem a coroa);
- Uma velhinha muito velhinha que mal podia andar, com uma acompanhante;
- Mais uma velhinha, muito velhinha, ainda mais velhinha e acabada que a anterior, também com uma acompanhante;
- Duas velhinhas bem menos velhinhas e acabadas que as duas anteriores e sem acompanhantes além de uma a outra, elas eram mui amigas.
Além de outro ceguinho, também com bengala e acompanhante que não embarcou, ficou no ponto.
Sim dois ceguinhos no mesmo ponto, no domingo a noite, eu heim! E eles não se conheciam, pelo menos não estavam perto um do outro. E não pareciam fazer parte de uma excursão para cegos nem nada do tipo.
Percebi que as duas velhinhas mais novas eram mui amigas porque elas sentaram na minha frente e foram conversando sem parar o trajeto todo. Falaram do almoço maravilhoso que tiveram (elas comeram panqueca), do barrigão de uma das noras que espera o terceiro netinho mais lindo do mundo inteiro! Do professor de ginástica das duas que é gentil, bonito, educado e que nem de longe lembrava nenhum professor que elas tiveram na juventude.
Antes de eu descer elas deixaram acertada a caminhada semanal, e o almoço do próximo sábado.
A mulher que carregava o bebezinho não estava satisfeita em banco nenhum, trocou de lugar umas quatro vezes, tudo com muita agilidade já que ela carregava bebê, bolsa, uma blusa e três sacolas. Alguém já reparou nas “bolsinhas” que as mães de recém nascidos carregam? Fiquei impressionada.
O ceguinho estava de boa, mas não parava de bater a bengala no ônibus, será algum tipo de contagem?
Uma das velhinhas muito velhinha, que estava sentada na parte da frente do ônibus encostou e capotou. A acompanhante toda hora dava uma cutucadinha. Acho que era pra conferir se a velhinha continuava viva.
E a segunda velhinha, a mais velhinha e acabada de todas queria fazer xixi desde o momento em que entrou no ônibus. Aí a acompanhante reclamou: “Poxa Dona Tê porque a senhora não falou lá fora? A senhora sabe que estamos indo para a Estação da Luz e que é longe”. E bota longe nisso, mais de uma hora de percurso.
Ouvindo as queixas da velhinha e percebendo a aflição da acompanhante, o motorista parou o ônibus em frente a um bar, “desce moça, leva a senhora no banheiro, melhor esperar ela urinar do que ter que limpar né mesmo? Já pensou em fralda senhora? É a gente vai ficando mais velho e vai virando bebê de novo”. Ele disse tudo isso docemente e sorrindo, gentil, bem gentil o motorista. E ele não só parou na frente do bar, como esperou a velha ir e voltar do banheiro, o que demorou um pouco. Ainda bem que eu saí de casa adiantada né?!
Por incrível que pareça ninguém ficou revoltado latindo e babando, ninguém quis dar um tiro no motorista ou matar a velha na porrada. Pelo menos ninguém falou nada. Espantoso!
Não tem explicação, acho que só um domingo a noite, com frio e ônibus vazio tira o ódio e a falta de paciência do coraçãozinho das pessoas. Eu não gosto de frio, nenhum pouco já disse, mas o clima do ônibus estava bom.
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