Seis cicatrizes.
Espalhadas pelo corpo.
Não, nunca estive em uma guerra.
Não trabalho no corpo de bombeiros, não sou policial, não sou da bandidagem, nem pratico esportes radicais.
Tenho seis cicatrizes espalhadas pelo corpo.
Sete, se eu considerar a tatuagem.
Com quase trinta e um anos conto essas marcas, sabendo que elas não surgiram de nenhum grande feito, se quer de um feito médio.
Se eu contar as sardas, que também são marcas, aí tenho muito mais.
Isso em um corpo que nem parece meu.
Desconfortável,
Desajustado.
Dentro de uma casca disforme, não desliza.
Mal alisa, infelizmente.
E sinaliza, ou tenta.
Através das marcas, que viram cicatrizes. Essas abusadas.
Num jogo sem graça aparecem sem convite, sem explicar, porque talvez seja óbvio.
Se é que o óbvio existe.
E ó esse não se trata de um post “peninha de mim mesma”, nem sou essa pessoa, pelo contrário, sou otimistazinha, acredito que no fim tudo vai dar certo, que o que é ruim vai passar, mesmo que não seja verdade, porque sim, sou uma grande mentirosa, aprendi no palco. No fim das contas falo pouco sobre mim e não gosto de encher o saco dos meus amigos com meus problemas, então esse é um post “tô falando a verdade hoje”, porque sim, bem às vezes isso acontece. Aí me lembro de uma fala da Desdêmona, personagem de Shakespeare, sempre me lembro dessa fala e nem sou de decorar falas que não sejam pra ser minhas, ela diz: não me sinto feliz, mas posso enganar aquela que sou, fingindo ser outra. E como faço isso com alguma frequência é claro que uma hora a coisa falha, ao menos dessa vez posso usar a desculpa do inferno astral, aí não preciso assumir que pode ser por conta de todos os meus fracassos, e dessa caricatura Flavianesca que circula por aí com pernocas cumpridas, seis cicatrizes, sete, se eu contar a tatuagem, e sardas, muitas sardas.
E não, não tenho orgulho dessa pessoa nem nunca estive em uma guerra.
0 Heim?!:
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