Moro bem no Sul da Zona Sul de São Paulo e meu atual trabalho/temporário fica entre a Marginal e a Avenida Faria Lima. Sim, uma coisa é meio longe da outra, na verdade eu moro meio longe de tudo. Pois bem, para chegar ao trabalho pego um ônibus sentido Terminal Capelinha, desço na Estação Capão Redondo do metrô, pego metrô, depois desembarco na estação Santo Amaro e por fim pego um trem sentido Osasco, finalmente chego a Estação Vila Olímpia e dou uma caminhadinha básica de uns 15 minutos. Todo esse trajeto acontece entre uma hora/uma hora e meia, depende do dia, do meu atraso ou não atraso, enfim...
Mas esse papo sobre o trajeto e os transportes utilizados é uma introdução para falar especificamente do trem e o que acontece lá, todo santo dia.
Você já ouviu a expressão Mar de Gente? Pois bem, quando o metrô para na estação Santo Amaro um Mar de Gente se dirige para integração gratuita com o trem, é sempre muita, muita gente. O Mar de Gente que desembarca se une ao Mar de Gente que já estava na estação e ao Mar de Gente que vai chegando do metrô, já que o metrô não para.
Não tenho ideia de quantas pessoas são, é impossível contar, mesmo com minha mania de contar as coisas.
Todo o Mar de Gente sempre está atrasado ou em cima da hora (eu inclusive) e o trem é mais lento que o metrô, demora mais pra chegar à estação colaborando para o aumento do Mar de Gente.
Quando o trem chega o Mar de Gente se junta ainda mais em frente às portas, que estão mais largas agora, propiciando a entrada de um Mar de Gente ainda maior.
O Mar de Gente que precisa descer na Estação Santo Amaro tem muita dificuldade já que o Mar de Gente que quer subir não sai da frente, não dá espaço. Aí começa o empurra-empurra entre Mar de Gente que quer sair e o Mar de Gente que quer entrar.
A cena seria muito mais trágica se não fosse engraçada, as pessoas agarram suas bolsas, sacolas e mochilas, deixam as pernas bem firmes, posicionam o tronco um pouquinho pra frente e atacam, quer dizer empurram. Normalmente não estou na linha de frente do Mar de Gente, prefiro ficar no meio, assim não tenho tanto trabalho já que sou carregada pelo Mar de Gente para dentro do Trem.
Dentro do trem o aperto é um aperto mesmo, sei lá, umas 50 pessoas se aboletam no lugar onde caberiam confortavelmente umas 5. Ou seja, o espacinho é para 10 pés, mas tem uns 100, fora as bolsas e afins. Acho que é meio parecido com as celas, é de cadeia.
Ficamos todos muito juntos, é quase íntimo. Dá pra sentir o que tem nas bolsas e sempre tem sombrinhas e marmitas. Também dá pra saber quem tem bafo, quem bebe pinga logo cedo, quem fuma baseado ou cigarro, quem tá meio sujinho e quem se perfumou demais. No meio desse caos apertado alguém sempre espirra, aí podemos avaliar as condições dentárias das pessoas, dá pra ver se a pessoa tem cárie, se faltam dentes, quantos dentes estão obturados... É impossível não acompanhar a direção do espirro, às vezes vai na cabeça de alguém, no olho, na boca ou nos peitos, às vezes quem espirra coloca a mão na boca, aí não dá pra avaliar direito o estado dos dentes nem temos trajeto de espirro para acompanhar, mas isso quase não acontece, geralmente não dá tempo.
Como não sou baixinha também tenho acesso às cabeças, dá pra saber quem está com o cabelo limpo e quem não liga pra essa coisa de lavar de cabelo, quem tem caspa, queda de cabelo, cabelo seco ou oleoso. Hoje o cabelo de uma mulher tinha umas coisinhas brancas, pareciam Lêndeas e que eu saiba Lêndea é ovo de Piolho. Medo muito medo! É que só peguei Piolho depois de grande na infância não tive, e o pior é que nem dava pra fugir por causa do aperto, mas como eu estava de lenço na cabeça acho que me livrei.
Também tenho acesso as Orelhas, normalmente estão sujas.
Não é muito legal quando fungam no cangote da gente e isso sempre acontece. Sempre rolam passadas de mão, mas é impossível identificar o culpado.
Mas tensão mesmo é se alguém peida já que todos sentem e todos são suspeitos, nesse caso também é impossível identificar o culpado.
Mas acho que as pessoas estão mais conformadas, pelo menos parece. Estão sempre em outro lugar, em outro mundo com seus fones. É um saco quando tem alguém que quer dividir o som que gosta de ouvir e isso também sempre acontece.
Acho que pela saga descrita aqui já deu pra perceber que no trem não falta aperto e empurra-empurra.
Coisinhas como gentileza, educação e respeito não tem, de jeito nenhum, nunca, em hipótese alguma. O aperto e a pressa não permitem.
Ai minha cabeça tá coçando tanto.
Mas esse papo sobre o trajeto e os transportes utilizados é uma introdução para falar especificamente do trem e o que acontece lá, todo santo dia.
Você já ouviu a expressão Mar de Gente? Pois bem, quando o metrô para na estação Santo Amaro um Mar de Gente se dirige para integração gratuita com o trem, é sempre muita, muita gente. O Mar de Gente que desembarca se une ao Mar de Gente que já estava na estação e ao Mar de Gente que vai chegando do metrô, já que o metrô não para.
Não tenho ideia de quantas pessoas são, é impossível contar, mesmo com minha mania de contar as coisas.
Todo o Mar de Gente sempre está atrasado ou em cima da hora (eu inclusive) e o trem é mais lento que o metrô, demora mais pra chegar à estação colaborando para o aumento do Mar de Gente.
Quando o trem chega o Mar de Gente se junta ainda mais em frente às portas, que estão mais largas agora, propiciando a entrada de um Mar de Gente ainda maior.
O Mar de Gente que precisa descer na Estação Santo Amaro tem muita dificuldade já que o Mar de Gente que quer subir não sai da frente, não dá espaço. Aí começa o empurra-empurra entre Mar de Gente que quer sair e o Mar de Gente que quer entrar.
A cena seria muito mais trágica se não fosse engraçada, as pessoas agarram suas bolsas, sacolas e mochilas, deixam as pernas bem firmes, posicionam o tronco um pouquinho pra frente e atacam, quer dizer empurram. Normalmente não estou na linha de frente do Mar de Gente, prefiro ficar no meio, assim não tenho tanto trabalho já que sou carregada pelo Mar de Gente para dentro do Trem.
Dentro do trem o aperto é um aperto mesmo, sei lá, umas 50 pessoas se aboletam no lugar onde caberiam confortavelmente umas 5. Ou seja, o espacinho é para 10 pés, mas tem uns 100, fora as bolsas e afins. Acho que é meio parecido com as celas, é de cadeia.
Ficamos todos muito juntos, é quase íntimo. Dá pra sentir o que tem nas bolsas e sempre tem sombrinhas e marmitas. Também dá pra saber quem tem bafo, quem bebe pinga logo cedo, quem fuma baseado ou cigarro, quem tá meio sujinho e quem se perfumou demais. No meio desse caos apertado alguém sempre espirra, aí podemos avaliar as condições dentárias das pessoas, dá pra ver se a pessoa tem cárie, se faltam dentes, quantos dentes estão obturados... É impossível não acompanhar a direção do espirro, às vezes vai na cabeça de alguém, no olho, na boca ou nos peitos, às vezes quem espirra coloca a mão na boca, aí não dá pra avaliar direito o estado dos dentes nem temos trajeto de espirro para acompanhar, mas isso quase não acontece, geralmente não dá tempo.
Como não sou baixinha também tenho acesso às cabeças, dá pra saber quem está com o cabelo limpo e quem não liga pra essa coisa de lavar de cabelo, quem tem caspa, queda de cabelo, cabelo seco ou oleoso. Hoje o cabelo de uma mulher tinha umas coisinhas brancas, pareciam Lêndeas e que eu saiba Lêndea é ovo de Piolho. Medo muito medo! É que só peguei Piolho depois de grande na infância não tive, e o pior é que nem dava pra fugir por causa do aperto, mas como eu estava de lenço na cabeça acho que me livrei.
Também tenho acesso as Orelhas, normalmente estão sujas.
Não é muito legal quando fungam no cangote da gente e isso sempre acontece. Sempre rolam passadas de mão, mas é impossível identificar o culpado.
Mas tensão mesmo é se alguém peida já que todos sentem e todos são suspeitos, nesse caso também é impossível identificar o culpado.
Mas acho que as pessoas estão mais conformadas, pelo menos parece. Estão sempre em outro lugar, em outro mundo com seus fones. É um saco quando tem alguém que quer dividir o som que gosta de ouvir e isso também sempre acontece.
Acho que pela saga descrita aqui já deu pra perceber que no trem não falta aperto e empurra-empurra.
Coisinhas como gentileza, educação e respeito não tem, de jeito nenhum, nunca, em hipótese alguma. O aperto e a pressa não permitem.
Ai minha cabeça tá coçando tanto.
4 Heim?!:
Nunca peguei trem. São Bernardo não tem dessas coisas. Mas pelo que sei, é uma experiência deveras.
Sul da Zona Sul é Marsilac?
Não, não é Marsilac.
É um bairro chamado Jardim Macedônia. Sou um pouquinho exagerada por isso disse Sul da zona Sul
É que a zona sul é tão imensa que pode ter vários extremos.
Mas da padaria Menininha eu não passo. ;)
Adorei... criticas da observação da realidade cotidiana... bj
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